quinta-feira, 28 de julho de 2016

Os 33 Graus do R:.E:.A:.A:.

O aprendizado maçom é dividido por etapas. Cada etapa é desenvolvida numa Câmara própria, com seus respectivos graus. São elas: 
Lojas Simbólicas (do 1°. ao 3º. grau);  
Lojas de Perfeição (do 4º. ao 14º. grau), 
Capítulos (do 15º. ao 18º. grau); 
Conselhos de Kadosch (do 19º. ao 30º. grau),  
Consistórios (31º. e 32º. graus) e Supremo Conselho (33º. grau).

1º.Grau: APRENDIZ - O Aprendiz deve, acima de tudo, saber aprender. É o primeiro contato com o Simbolismo Maçônico. Aprende as funções de cada um no templo e a buscar sempre o desenvolvimento das virtudes e a eliminação dos vícios. Muitos maçons antigos afirmam que este é o mais importante de todos os graus.

2º.Grau: COMPANHEIRO - A fase de Companheiro propicia ao maçom um excepcional conhecimento de símbolos, além de avanços ritualísticos e desenvolvimento do caráter.

3º.Grau: MESTRE - É o chamado grau da plenitude maçônica. No âmbito do Simbolismo (Lojas Simbólicas) é o grau mais elevado que permite ocupar quaisquer cargos. O Mestre possui conhecimentos elevados da história e objetivos maçônicos.

4º.Grau: MESTRE SECRETO - Neste grau, além de outros conhecimentos, o maçom aprende as virtudes do Silêncio. Avança, fantasticamente, no conhecimento dos símbolos utilizados na Maçonaria em geral.

5º.Grau: MESTRE PERFEITO - Aprende-se no 5o. grau a meditação interior. Privilegia este grau, o princípio moral de render culto à memória de honrados antepassados. Completa o conhecimento dos graus anteriores.

6º.Grau: SECRETÁRIO ÍNTIMO ou MESTRE POR CURIOSIDADE - É dedicado à necessidade de se buscar o conhecimento, sem o qual não há progresso. Contudo, adverte para a vã curiosidade, capaz de gerar malefícios. Investiga-se a miséria social e as maneiras de combatê-las, dentre outras coisas.

7º.Grau: PREBOSTE E JUIZ ou MESTRE IRLANDÊS - Neste grau estuda-se a eqüidade, os princípios da Justiça, o Direito Natural e alguns princípios éticos da liderança.

8º.Grau: INTENDENTE DOS EDIFÍCIOS ou MESTRE EM ISRAEL - Dedica-se a estudar a fraternidade do homem através de valores como o trabalho e o direito à propriedade. Combate à hipocrisia, à ambição e à ignorância.

9º.Grau: MESTRE ELEITO DOS NOVE - Estuda-se a realidade dos ciclos, as forças negativas e a força da reconstrução.

10º.Grau: MESTRE ELEITO DOS QUINZE - Estuda-se a extinção de todas as paixões e as tendências pouco proveitosas, censuráveis.

11º.Grau: SUBLIME CAVALEIRO ELEITO ou CAVALEIRO ELEITO DOS DOZE - Dedica-se à regeneração.

12º.Grau: GRÃO-MESTRE ARQUITETO - Estuda o poder da representação popular.

13º.Grau: CAVALEIRO REAL ARCO - Estuda os magos pontífices do Egito e de Jerusalém.

14º.Grau: GRANDE ELEITO ou PERFEITO E SUBLIME MAÇOM - É o grau mais alto das Lojas de Perfeição. Proclama o direito inalienável da liberdade da consciência. Defende uma educação digna para que o homem possa ter governantes que assegure direitos e obrigações compatíveis.

15º.Grau: CAVALEIRO DO ORIENTE - Dedica-se à luta incessante para o progresso pela razão.

16º.Grau: PRÍNCIPE DE JERUSALÉM - Estuda a vitória da liberdade como consequência da coragem e perseverança.

17º.Grau: CAVALEIRO DO ORIENTE E DO OCIDENTE - Explora o Direito de reunião.

18º.Grau: CAVALEIRO ROSA-CRUZ - É dedicado ao triunfo da Luz sobre as Trevas. É a libertação pelo Amor.

19º.Grau: GRANDE PONTÍFICE - Fala sobre o triunfo da Verdade, estuda o pontificado.

20º.Grau: MESTRE AD VITAM - É consagrado aos deveres dos Chefes das Lojas Maçônicas.

21º.Grau: NOAQUITA ou CAVALEIRO PRUSSIANO - Estuda os perigos da ambição e o arrependimento sincero.

22º.Grau: CAVALEIRO DO REAL MACHADO ou PRÍNCIPE DO LÍBANO - Estuda o trabalho como propagador de sentimentos nobres e generosos.

23º.Grau: CHEFE DO TABERNÁCULO - Dedica-se à vigilância dos valores propagados pela Ordem e ao combate da superstição.

24º.Grau: PRÍNCIPE DO TABERNÁCULO - Dedica-se à conservação das doutrinas maçônicas.

25º.Grau: CAVALEIRO DA SERPENTE DE BRONZE - Dedica-se ao combate ao despotismo.

26º.Grau: PRÍNCIPE DA MERCÊ ou ESCOCÊS TRINITÁRIO - Estuda princípios de organização social através da Igualdade e Harmonia.

27º.Grau: GRANDE COMENDADOR DO TEMPLO - Defende princípios de governo democrático.

28º.Grau: CAVALEIRO DO SOL ou PRÍNCIPE ADEPTO - Estuda a Verdade.

29º.Grau: GRANDE ESCOCÊS DE SANTO ANDRÉ - É dedicado à antiga Maçonaria da Escócia.

30º.Grau: CAVALEIRO KADOSCH - Fecha o ciclo de estudos no Kadosch. É um grau de estudos profundos a respeito do Simbolismo e Filosofia Maçônicos.

31º.Grau: GRANDE JUIZ COMENDADOR ou INSPETOR INQUISIDOR COMENDADOR - Estuda o exame de consciência detalhado. Só os conscientes podem ser justos.Estuda-se História.

32º.Grau: SUBLIME CAVALEIRO DO REAL SEGREDO : Estuda o poder militar.

33º.Grau: SOBERANO GRANDE INSPETOR GERAL : É o último grau. Fecha o ciclo de estudos. É, em última análise, o maçom mais responsável ( pois todos o são!) pelos destinos da Maçonaria (no que tange ao Filosofismo).É o guardião, mestre e condutor da Maçonaria.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Tolerância

A tolerância sendo uma virtude é, portanto, um valor. Valores, como é sabido, não podem ser definidos, entretanto, podem ser descritos e analisados de acordo com comportamento dos integrantes de uma sociedade. A idéia de tolerância somente pode ser analisada, com certa precisão, se estiver inteirada socialmente, pois está indissoluvelmente atrelada ao agir das pessoas nesta mesma sociedade.

Para abordar esse tema tão subjetivo por se tratar de uma virtude e também, sendo um dos valores da nossa Ordem, deixo duas perguntas para a nossa reflexão: "Julgar que há coisas intoleráveis é dar provas de intolerância?" Ou, de outra forma: "Ser tolerante é tolerar tudo?" Em ambos os casos a resposta, evidentemente é não, pelo menos se queremos que a tolerância seja uma virtude.

Partindo da afirmação que Filosofar é pensar sem provas, somente espero não ter indo longe demais nas minhas divagações filosóficas.

No opúsculo O que é Maçonaria, temos a seguinte frase: “A Maçonaria é eminentemente tolerante e exige dos seus membros a mais ampla tolerância. Respeita as opiniões políticas e crenças religiosas de todos os homens, reconhecendo que todas as religiões e ideais políticos são igualmente respeitáveis e rechaça toda pretensão de outorgar situações de privilégio a qualquer uma delas em particular”.

A definição acima aborda a tolerância maçônica no seu aspecto religioso e político que, sendo um valor é muito mais abrangente, discutível e contestável do que os apresentados.

Quem tolera a violação, a tortura, o assassinato deveria ser considerado virtuoso? Quem admite o ilícito com tolerância tem um comportamento louvável? Mas se a resposta não pode ser negativa, a argumentação não deixa de levantar um certo número de problemas, que são definições e limitações. Nem tão pouco podemos deixar de considerar às questões sobre o sentido da vida, a existência do G.'.A.'.D.'.U.'. e o valor dos nossos valores.

Tolerar é aceitar aquilo que se poderia condenar, é deixar fazer o que se poderia impedir ou combater? É, portanto, renunciar a uma parte do nosso poder, desejo e força! Mas só há virtude na medida em que a chamamos para nós e que ultrapassamos os nossos interesses e a nossa impaciência. A tolerância vale apenas contra si e a favor de outrem. Não existe tolerância quando nada temos a perder e menos ainda quando temos tudo a ganhar, suportando e nada fazendo. Tolerar o sofrimento dos outros, a injustiça de que não somos vítimas, o horror que nos poupa não é tolerância, mas sim egoísmo e indiferença. Tolerar Hitler é tornar-se cúmplice dele, pelo menos por omissão, por abandono e esta tolerância já é colaboração. Antes o ódio, a fúria, a violência, do que esta passividade diante do horror e a aceitação vergonhosa do pior.

É o que Karl Popper denomina como "o paradoxo da tolerância": “Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo com os intolerantes e não defendermos a sociedade tolerante contra os seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados e com eles a tolerância”.

Uma virtude não pode ocultar-se atrás de posturas condenáveis e contestáveis: aquele que só com os justos é justo, só com os generosos é generoso, só com os misericordiosos é misericordioso, não é nem justo, nem generoso e nem misericordioso. Tão pouco é tolerante aquele que o é apenas com os tolerantes. Se a tolerância é uma virtude, como creio e de um modo geral, ela vale, portanto por si mesma, inclusive para os que não a praticam. É verdade que os intolerantes não poderiam queixar-se, se fôssemos intolerantes com eles. O justo deve ser guiado "pelos princípios da justiça e não pelo fato de o injusto poder queixar-se". Assim como o tolerante, pelos princípios da tolerância.
O que deve determinar a tolerabilidade deste ou daquele indivíduo, grupo ou comportamento, não é a tolerância de que dão provas, mas o perigo efetivo que implicam: uma ação intolerante, um grupo intolerante, etc., devem ser interditos se, e só se, ameaçam efetivamente a liberdade ou, em geral, as condições de possibilidade da tolerância.

Numa República forte e estável, uma manifestação contra a democracia, contra a tolerância ou contra a liberdade não basta para a pôr em perigo: não há, portanto, motivos para a proibir e faltar com tolerância. Mas se as instituições se encontram fragilisadas, se uma guerra civil ameaça, se grupos pretendem tomar o poder, a mesma manifestação pode tornar-se um perigo: pode então vir a ser necessário proibi-la ou impedi-la, mesmo à força e seria uma falta de prudência recusar-se a considerar esta possibilidade.

Estando diante de mais um paradoxo sobre a tolerância, para entende-la entramos por um caminho não muito claro e como não poderia deixar de ser exato, Karl Popper acrescenta: “Não quero com isto dizer que seja sempre necessário impedir a expressão de teorias intolerantes. Enquanto for possível contrariá-las à força de argumentos lógicos e contê-las com a ajuda da opinião pública, seria um erro proibi-las. Mas é necessário reivindicar o direito de fazê-lo, mesmo à força, caso se torne necessário, porque pode muito bem acontecer que os defensores destas teorias se recusem a qualquer discussão lógica e respondam aos argumentos pela violência.  Haveria então de considerar que, ao fazê-lo, eles se colocam fora da lei e que a incitação à intolerância é tão criminosa como, por exemplo, a incitação ao assassínio. Democracia não é fraqueza. Tolerância não é passividade”.

Moral e politicamente condenáveis, a tolerância universal não seria, nem virtuosa e nem viável. Ou por outras palavras: existe, de fato, coisas intoleráveis, mesmo para o tolerante! Moralmente condenado é o sofrimento de outrem, a injustiça, a opressão, quando poderiam ser impedidos ou combatidos por um mal menor. Politicamente é tudo o que ameaça efetivamente a liberdade, a paz ou a sobrevivência de uma sociedade.

Como vimos, o problema da tolerância só se põe em questões de opinião. Ora, o que vem a ser uma opinião senão uma crença incerta. O católico bem pode estar subjetivamente certo da verdade do catolicismo. Mas, se for intelectualmente honesto (se amar mais a verdade do que a certeza), deverá reconhecer que é incapaz de convencer um protestante, ateu ou muçulmano, mesmo cultos, inteligentes e de boa-fé. Por mais convencido que possa estar de ter razão, cada qual deve, pois, admitir que não pode prová-lo, permanecendo assim no mesmo plano que os seus adversários, tão convencidos como ele e igualmente incapazes de convencê-lo. A tolerância, como virtude, fundamenta-se na nossa fraqueza teórica, ou seja, na incapacidade de atingir o absoluto. “Devemos tolerar-nos mutuamente, porque somos todos fracos, inconseqüentes, sujeitos à variação e ao erro. Humildade e misericórdia andam juntas e levam à tolerância”.

Um outro ponto a ser considerado prende-se mais com a conduta política do que com a moral, mais com os limites do Estado do que com os do conhecimento. Ainda que tivesse acesso ao absoluto, o soberano seria incapaz de impô-lo a quem quer que fosse, porque não se pode forçar um indivíduo a pensar de maneira diferente daquela como pensa, nem a acreditar que é verdadeiro o que lhe parece falso. Pode impedir-se um indivíduo de exprimir aquilo em que acredita, mas não de pensar.

Para quem reconhece que valor e verdade constituem duas ordens diferentes, existe, pelo contrário, nesta disjunção uma razão suplementar para ser tolerante: ainda que tivéssemos acesso a uma verdade absoluta, isso não obrigaria a todos a respeitar os mesmos valores, ou a viverem da mesma maneira. A verdade impõe-se a todos, mas não impõe coisa alguma. A verdade é a mesma para todos, mas não o desejo e a vontade. Esta convergência dos desejos, das vontades e da aproximação das civilizações, não resulta de um conhecimento: é um fato da história e do desejo dessas civilizações.

Podemos perguntar, finalmente, se a palavra tolerância é, de fato, a que convém. Tolerar as opiniões dos outros não é considerá-las como inferiores ou faltosas? Temos então um outro paradoxo da tolerância, que parece invalidar tudo que vimos anteriormente. Se as liberdades de crença, de opinião, de expressão e de culto são liberdades de direito, então não precisam ser toleradas, mas simplesmente respeitadas, protegidas e celebradas.

A palavra tolerância implica muitas vezes, na nossa língua, na idéia de polidez, de piedade ou ainda de indiferença. Em rigor, não se pode tolerar senão o que se tem o direito de impedir, de condenar e de proibir. Mas acontece que este direito que não possuímos nos inspira no sentimento de possuí-lo.

Não temos razão de pensar o que pensamos? E, se temos razão, os outros não estariam errados? E como poderia a verdade aceitar - senão, de fato, por tolerância - a existência ou a continuação do erro? Por isso damos o nome de tolerância àquilo que, se fôssemos mais lúcidos, mais generosos, mais justos, deveria chamar-se de respeito, simpatia ou de amor. Se, contudo, a palavra tolerância se impôs, foi certamente porque nos sentimos muito pouco capazes de amar ou de respeitar quando se tratam dos nossos adversários.

"Enquanto não desponta o belo dia em que a tolerância se tornará amável", conclui Jankélévitch, "diremos que a tolerância, a prosaica tolerância é o que de melhor podemos fazer! A tolerância é, pois uma solução sofrível; até que os homens possam amar, ou simplesmente conhecer-se e compreender-se, podemos dar-nos por felizes por começarem a suportar-se”.

A tolerância, portanto, é um momento provisório. Que este provisório está para durar, é bem claro e, se cessasse, seria de temer que lhe sucedesse a barbárie e não o amor! É apenas um começo, mas já é algum. Sem contar que é por vezes necessário tolerar o que não queremos nem respeitar e nem amar. Existem, como vimos, coisas intoleráveis que temos de combater. Mas também coisas toleráveis que são, no entanto, desprezíveis e detestáveis. A tolerância diz tudo isto, ou pelo menos autoriza.

Assim como a simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria a dos santos, a tolerância é sabedoria e virtude para aqueles - todos nós - que não são nem uma nem outra coisa.

Fonte: Diversos , Internet