segunda-feira, 6 de agosto de 2018

O Tempo


Dentre todos os dons concedidos ao homem, o tempo tem lugar especial. É ele que acalma as paixões indevidas, ensinando que tudo tem sua hora e local certos.

É ele que cicatriza as feridas das profundas dores, colocando o algodão anestesiante nas chagas abertas.


É o tempo que nos permite amadurecer, através do exercício sadio da reflexão, adquirindo ponderação e bom senso.

É o tempo que desenha marcas nas faces, espalha neve nos cabelos, leciona calma e paciência, quando o passo já se faz mais lento.

É o tempo que confirma as grandes verdades e destrói as falsidades, os valores ilusórios.

O tempo é, enfim, um grande mestre, que ensina sem pressa, aguarda um tanto mais e espera que cada um a sua vez, se disponha a crescer, servir e ser feliz.

E é o tempo, em verdade, que nos demonstra, no correr dos anos, que o verdadeiro amor supera a idade, a doença, a dificuldade, e permanece conosco para sempre.

domingo, 5 de agosto de 2018

A Maçonaria e o Sentido da Vida


O que é a vida?

Quando se considera o universo e a vida que nele habita somente como um acidente cósmico sem sentido nem finalidade, perde-se o norte da própria existência. Para que, então se preocupar com os rumos do mundo e o próprio destino individual, se façamos o que façamos nada disso tem uma finalidade? Se tudo se perde, irremediavelmente, na voragem do tempo?

Será a vida apenas um fenômeno físico-químico que um acidente cósmico um dia produziu? Ou terá ela sido produzida como parte de algum projeto que envolve, não somente o seu próprio desenvolvimento, mas um plano bem maior, de escala cósmica?  E se cada vida fosse o elo de uma corrente que transmite, no tempo e no espaço, a energia criadora que faz do universo um ser vivo e convergente, que por dentro e por fora se metamorfoseia e vai adquirindo contornos e qualidades que no fim, servem á uma finalidade definida por uma Mente Universal?

São exatamente essas as perguntas e as elucubrações feitas pela Maçonaria, quando se interroga pelo sentido da vida. Um dos graus do Ritual coloca exatamente essa questão quando pergunta: “De onde viemos? O que somos? O que a morte fará de nós? Que é o homem? É apenas um átomo, gestado no corpo da mulher e que progressivamente se organiza se harmoniza em suas inúmeras partes? Que cresce, pensa, cai, transforma-se e volta á causa primária, deixando apenas reminiscência de sua última forma ou conservando uma partícula essencial, mutável e mortal? [1]

Nesse questionamento a Maçonaria enfrenta a questão metafísica que tem desafiado a mente humana através de toda a sua história de vida. Afinal, somos apenas uma sombra que passa um fenômeno despregado de qualquer sentido, que um dia aconteceu no universo como resultado de causas exclusivamente naturais, ou ele é o desvelar de uma Vontade que se manifesta e percorre um longo processo evolutivo que começou, um dia, num átomo que rompeu, por um processo ainda desconhecido, os limites da matéria inanimada?

Um maçom não pode acreditar na hipótese materialista, advogada na tese que sustenta ter a matéria às condições suficientes para explicar todos os fenômenos existentes no universo, inclusive a vida. Porque, se adotar essa crença, estará negando qualquer virtude á prática que adotou.

Se o fenômeno da vida e principalmente a do ser humano, fosse um acaso perpetrado por leis exclusivamente naturais, “um vírus” inoculado na corrente sanguínea do universo, como o definiu uma vez um romancista, então ele não teria um espírito, e não se poderia falar na existência de um Criador, e nem haveria qualquer motivo para se tentar uma união com Ele. Tudo que fazemos nesse sentido seria apenas uma simulação fantasiosa. É nesse sentido que Anderson, em suas Constituições, diz: “um maçom é obrigado a obedecer à lei moral; e se ele bem entender da arte, jamais será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso.” [2]

Um processo dirigido

Se os materialistas estivessem certos, toda religião, bem como toda prática iniciática não passaria de uma distração infantil, que mentes incapazes de conviver com a realidade desenvolvem para mitigar a incômoda impressão de que a nossa existência não tem qualquer finalidade além daquela que os nossos sentidos nos indicam.

Mas, felizmente, temos razões para pensar que as coisas não são assim; que nós não somos apenas matéria desprovida de espírito, seres organizados por leis naturais que só obedecem ao determinismo dos grandes números. O surgimento da vida em meio á matéria universal, como está a indicar a metáfora bíblica da Criação, é fruto de um processo dirigido e bem elaborado por quem o projetou e o controla, ou seja, O Grande Arquiteto do Universo.

Mais uma vez é o grande Teilhard de Chardin que nos socorre nessa visão, mostrando como o surgimento da vida resulta de uma síntese que a união dos átomos transforma em moléculas, e estas, também por um processo de sínteses cada vez mais elaboradas, dão origem ao fenômeno humano.
Em páginas de extraordinária lucidez e envolvente poesia, esse grande pensador escreve: “Aqui reaparece, á escala do coletivo, o limiar erguido entre os dois mundos da Física e da Biologia. Enquanto se tratava apenas de um processo de mesclar as moléculas e os átomos, podíamos, para explicar os comportamentos da Matéria, recorrer ás leis numéricas da probabilidade, e contentarmo-nos com elas. 

A partir do momento em que a mônada, adquirindo as dimensões e a espontaneidade superior da célula, tende a se individualizar no seio da plêiade, desenha-se um arranjo mais complicado no Estofo do Universo. Por duas razões, ao menos, seria insuficiente e falso imaginar a Vida, mesmo tomada em seu estágio granular, como uma espécie de fervilhar fortuito e amorfo.” [3]

Quer dizer: a vida não surgiu no universo como surgem as bactérias em um processo de fermentação. Ela é, sim, o resultado de um processo, mas esse processo está longe de ser regido apenas pelas leis da natureza. Ela surge como consequência de um processo dirigido como se fosse alguém, em uma cozinha, ou um laboratório, trabalhando para fazer um bolo, ou para destilar uma bebida.

Nesse processo as bactérias surgem como resultado do processo empregado e não como obra do acaso, ou da evolução natural do processo. Por isso a notável argúcia do nosso jesuíta complementa o seu pensamento dizendo: “(…) os inumeráveis componentes que compunham, nos seus inícios, a película viva da Terra, não parecem ter sido tomados ou juntados exaustivamente ou ao acaso. Mas a sua admissão nesse invólucro primordial dá antes a impressão de ter sido orientada por uma misteriosa seleção ou dicotomia prévias (…).” [4]

Recordando Plotino

Deus é a causa atuante de todas as coisas existentes no universo. Essa foi a intuição que inspirou o filósofo Plotino há quase dois milênios atrás: “Imagine uma enorme fogueira crepitando no meio da noite,” escreveu ele. “Do meio do fogo saltam centelhas em todas as direções. Num amplo círculo ao redor do fogo a noite é iluminada, e a alguns quilômetros de distância ainda é possível ver o leve brilho desta fogueira.

À medida que nos afastamos, a fogueira vai se transformando num minúsculo ponto de luz, como uma lanterna fraca na noite. E se nos afastarmos mais ainda, chegaremos a um ponto em que a luz do fogo não mais consegue nos alcançar. Em algum lugar os raios luminosos se perdem na noite e se estiver muito escuro não vamos enxergar nada. Nesse momento, contornos e sombras deixam de existir”.

“Agora imagine a realidade como sendo esta enorme fogueira. O que arde é Deus – e as trevas que estão lá fora são a matéria fria, onde a luz está fraca, da qual são feitos homens e animais. Junto a Deus estão as ideias eternas, as causas de todas as criaturas. Sobretudo, a alma humana é uma centelha do fogo. Mas por toda a parte na natureza aparece um pouco desta luz divina. Podemos vê-la em todos os seres vivos; sim, até mesmo uma rosa ou uma campânula possuem um brilho divino. No ponto mais distante do Deus vivo está a matéria inanimada.” [5]

Plotino (205-270 e. C) é considerado o fundador da escola neoplatônica. O Gnosticismo deve a ele algumas de suas concepções mais originais, especialmente a ideia de que o verdadeiro conhecimento não pode ficar apenas no terreno intelectual, mas exige uma experiência direta dos sentidos com aquilo que se propõe a conhecer. É nesse sentido que se pode colocá-lo como precursor das chamadas escolas iniciáticas, ou seja, grupos que desenvolviam rituais com a finalidade de ”sentir” as próprias realidades que idealizavam.

Plotino é um dos inspiradores de famosos mestres do misticismo como Mestre Eckhart, Papus, MacGregor Mathers, Eliphas Levy e outros. Os autores maçons lhe votam um grande respeito e os modernos gnósticos vêem nele um precursor das teses científicas que descrevem o universo como um organismo único que se constrói através de uma rede de relações. Suas palavras são por demais eloquentes e não necessitam de comentários explicativos. Se o universo existe é porque tem uma causa de existir: essa causa é Deus.

Os rituais maçônicos e a doutrina da Cabala

Por isso é que os rituais maçônicos fazem muitas especulações sobre o sentido da vida e o papel que nós exercemos na construção da Obra do Criador. Essas especulações nos levam á conclusão de que nós não somos meras relações estatísticas derivadas de interações ocasionais ocorridas na matéria física, sem qualquer conteúdo finalístico, como pensam os adeptos do nihilismo, mas sim, unidades conscientes do todo amorfo, que só ganha forma e consistência na medida em que nós mesmos vamos encontrando o nosso lugar no desenho estrutural do universo.  [6] E com isso a Maçonaria canta um dueto bem afinado com a doutrina da Cabala. 

Para os cabalistas, nosso corpo é como uma lâmpada que se acende em meio a um quarto escuro. Brilhamos por um tempo iluminando o espaço que nos cabe como jurisdição. E quando o combustível, que é a energia encerrada em nossas células se esgota, apagamos.

O corpo é o filamento que canaliza a energia e quando ele deixa de ter condição para hospedá-la, ela o abandona. Mas a energia, como mostra a lei de Lavoiser, não se perde nem se extingue. Ela só se transforma. Ela continua a existir mesmo depois que a lâmpada que a refletia se extingue. Essa energia acenderá outras lâmpadas que também brilharão por algum tempo e depois se apagarão. Cada uma a seu tempo, preenchendo o vácuo e realizando a missão que lhe cabe. Assim a vida nos aparece como uma estrada cheia de luzes que se apagam e se acendem á medida que o tempo passa por elas e avança para o futuro.

Por isso encontraremos nos rituais maçônicos, que tratam especificamente desse tema, expressões do tipo (…) Sois uma parcela da vida universal, um germe que apareceu em um ponto do espaço infinito. Vosso ser sofreu inconscientes transformações. Tivestes sensações, depois ideias incoerentes, que mais tarde, foram se tornando precisas. Por fim vos considerastes capaz de perceber a verdade. Esta é a luz que vistes.

A humanidade levou séculos incontáveis antes de percebê-la. Nós consideramos o estado atual da nossa espécie sem que saibamos se ela está em seu começo, ou se prestes a alcançar o seu fim, e sem conhecermos seu destino, nada compreendemos do mundo a qual ela pertence (…).[7]

Dessa forma, Cabala e Maçonaria concordam que o sentido de cada vida que vivemos é fornecer o seu “quanta” de luz para a construção da Obra de Deus. E por essa razão poderemos viver várias vidas. Nasceremos e morreremos tantas vezes quantas forem necessárias para a complementação dessa obra. Por isso Jesus disse: “Assim deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” [8]

Pois não é com asas que se sobe aos céus, mas com as mãos. Pela simples e singela razão contida nessa metáfora, os maçons adotaram a profissão do pedreiro como símbolo da sua Arte.

[1] O Cavaleiro do Arco Real- pgs. 14 -15 REAA
[2] As Constituições, citado, pg 12.
[3] O Fenômeno Humano, citado, pg. 94.
[4] Idem, pg. 95-Imagem de Teilhard de Chardin. Fonte Enciclopédia Barsa
[5] Jostein Garner. O Mundo de Sofia, Companhia das Letras, São Paulo, 1995. Na imagem, o filósofo Plotino.
[6] Nihilismo é a doutrina filosófica que coloca o questionamento do sentido da vida perante um universo que parece ser indiferente á tudo que nos acontece. É uma atitude de pessimismo e ceticismo perante a possibilidade de que a vida tenha aparecido no mundo para cumprir algum propósito. Nega todos os princípios religiosos, políticos e sociais, definindo-os apenas como atitudes dos sentidos, dirigidos para a necessidade de preencher o vazio da existência. Este conceito teve origem na palavra latina nihil, que significa “nada”. O principal arauto dessa doutrina foi o filosofo alemão Nietszche. Sartre retomou esse tema nas suas obras “ O Ser e o Nada” e “a Náusea”.
[7] Cf. o ritual Grau 14-REAA pg. 17/18.
[8] Mateus, 5:16. 
Fonte: http://omalhete.blogspot.com.br/2016/09/a-maconaria-e-o-sentido-da-vida.html

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Ritual Alquímico Secreto do Grau de Verdadeiro Maçom Acadêmico composto em 1770


Este é o único dos altos graus herméticos da Academia dos Sábios de Avignon.
Foi composto por Dom Pernety, Beneditino, abade de Burgol, 1716/1800.

GRAU DE VERDADEIRO MAÇOM ALQUÍMICO:
Neste grau a loja chama-se Academia; o Venerável chama-se Sapientíssimo, o Primeiro Vigilante, Primeiro Sábio, o segundo, Segundo Sábio e todos os demais, Irmãos Acadêmicos. 

DECORAÇÃO DA LOJA:
 A Academia será ornamentada de preto, com colunas brancas e vermelhas colocadas de distância em distância; serão iluminadas por três luzes colocadas em triângulo. O quadro da Academia será munido de todos os instrumentos necessários para o trabalho da Grande Obra.

ORNAMENTOS DOS ACADÊMICOS: O avental deve ser forrado e bordado de vermelho, sobre a barra, ter uma cruz com duas letras V.M., uma para cada lado, recoberta em ouro; no centro do avental haverá um sol com dez raios recoberto em ouro; nas laterais serão colocadas também as seguintes letras: 

D C  (DEUS CRIA) 
N P  (NATUREZA PRODUZ) 
A M  (ARTE MULTIPLICA) 

As letras serão brancas bordadas em preto e vermelho. Todos os acadêmicos terão na mão direita uma baqueta de ferro. 
A Jóia é levada em "comaglio" ou em "decusse" e será ligada a uma fita branca, preta e vermelha. Encontram-se no fim deste ritual as figuras da grande e da pequena jóia, e aquela do quadro da Academia e do avental (1) . 
1- Faltam os desenhos das duas últimas jóias no final do texto.

SINAL: O primeiro à trazer a mão direita em esquadro sobre a boca; a resposta à fazer o mesmo com a esquerda, deixando cair sobre o ventre as duas mãos cruzadas e olhar o céu e a terra. 

TOQUE: 
O toque é pegando as duas mãos e beijando as duas faces e a fronte. 

PALAVRA SAGRADA:  
JEHOVA, que se pronuncia J.E.H.O.V.A. 

PALAVRA DE PASSE:  
METRATON  (inteligência que preside os metais). 

O NOME: 
O nome é AMATORE 

A MARCHA: 
Partir-se-á do ocidente tendo a mão esquerda em esquadro sobre a boca e empunhando com a direita a baqueta; avançando em direção ao oriente dar-se-á um passo de aprendiz, um de companheiro, e um de mestre; colocar-se-á os pés em esquadro, cruzar-se-á as mãos sobre o ventre e saudar-se-á o Sapientíssimo e todos os acadêmicos à esquerda e à direita. 

A ORDEM: 
A ordem é de cruzar as mãos sobre o ventre, havendo a baqueta na direita.

A BATERIA: 
Se batem dez golpes deste modo: 1.2.4.3. 
(0, 00, 0000, 000) 

ESTATUTO: 
ART. 1 
A Academia poderá conter um máximo de quinze (irmãos); terá suas sessões pelo menos uma vez por mês. 
ART. 2 
Nenhum maçom será admitido se não passou por qualquer grau filosófico, como o da ÁGUIA NEGRA, do sol e da ROSA+CRUZ e se não for cristão discretamente sapiente. 
ART. 3 
Cada acadêmico será obrigado, por turno, a fazer uma dissertação sobre um argumento proposto pela Academia, e as dissertações, como as deliberações, os discursos e recepções serão registradas e escritas nos caracteres maçons adotadas pela Academia, os quais se encontram no final deste grau. 
ART. 4 
Cada acadêmico será obrigado sempre a levar consigo a pequena jóia da Academia e a apresentar-se pontualmente às sessões, a menos que afazeres indispensáveis o impeçam, e neste caso serão obrigados a dizer ás razões que tiveram para ausentar-se, sob pena de três liras de ressarcimento em favor dos pobres. 
ART.5 
Haverá um tronco destinado para os ressarcimentos e uma caixa onde cada co-irmão será obrigado a colocar todos os anos um "Luigi" de 24K, para as manipulações, e onde os escritos da ordem serão fechados; este tronco e esta caixa terão 3 fechaduras, das quais uma chave estará nas mãos do Sapientíssimo, a outra com o primeiro Sábio e a terceira com o Segundo Sábio, e não poderão abrir-se senão quando a Academia estiver reunida. 
ART.6 
Se qualquer acadêmico adoece, todos os outros serão obrigados a visitá-lo uma vez por dia e a prestar todo o socorro espiritual do qual poderia ter necessidade. 
ART.7 
Um dos acadêmicos, vindo a falecer, cuidar-se-á de retirar-lhe as jóias, o avental, as luvas e os escritos, e em sinal da dor que será sentida se colocará no anel da jóia, de cada um dos acadêmicos, uma pequena rosa negra durante três meses; se observará de nunca cancelar do registro o nome do irmão defunto. 
ART.8 
Cerca de quatro dias depois do óbito de um acadêmico, todos os irmãos se apresentarão na Academia a fim de se indicar uma pessoa que deverá substituir o defunto, e os acadêmicos, após haverem conferenciado entre si, darão o seu voto por escrutínio secreto e ninguém poderá ser admitido se não reunir em próprio favor todos os sufrágios. 
ART.9 
Após a eleição, o Sapientíssimo encarregará um acadêmico de advertir o candidato sobre a escolha que a Academia fez dele, dir-lhe-á também para preparar um agradecimento a Academia pelo favor que esta lhe concedeu e fazer, ao mesmo tempo, o elogio do defunto do qual ele ocupar? o posto. 
ART.10 
Neste grau não existem mais que três oficiais, isto é, o Sapientíssimo, o Primeiro Sábio e o Segundo Sábio, todos os outros acadêmicos ocupam, por turno, e de acordo com a vontade do Sapientíssimo, os outros cargos.
ART.11 
A eleição dos oficiais realizar-se-á todos os anos, com maioria de votos, no dia de São João Evangelista, patrono da Academia. Estes não poderão ser confirmados nunca. 
ART.12 
Neste grau não se admite irmão servente; os dois últimos recebidos farão a função. 

PRIVILÉGIO 
Os acadêmicos, sendo únicos e verdadeiros Maçons, gozarão de todos os privilégios acordados para todos os outros diferentes graus da Maçonaria.

ABERTURA DA LOJA 
Estando os acadêmicos ornados com seus aventais, com suas luvas, e com suas jóias e tendo em mãos suas baquetas, o Sapientíssimo baterá com a sua um golpe, que será repetido pelos dois Sábios, e dirá: 

“À ORDEM, SÁBIOS ACADÊMICOS!" 
Estes tendo-a executado, o Sapientíssimo perguntará ao Primeiro Sábio: 
 P - Primeiro Sábio, qual é o vosso dever? 
R - Sapientíssimo aquele de assegurar-me se os irmãos são verdadeiros maçons. 
P - Faça o vosso dever. 
O primeiro Sábio faz o giro da Academia, e exige de cada um o sinal, a palavra e o toque. Depois retorna ao seu lugar e diz: 
R – Sapientíssimo, todos os irmãos aqui presentes são verdadeiros Maçons. 
P - Segundo Sábio, qual é a vossa obrigação? 
R - Sapientíssimo, é de assegurar-me que a Academia está resguardada dos olhos e dos ouvidos vulgares. 
P - Cumpra-a. 
O segundo Sábio permanecendo parado diz: 
R - Sapientíssimo, podemos iniciar as nossas operações, estamos em segurança. 
P - Primeiro Sábio, a que hora se abre a Academia? 
R - Sapientíssimo, a qualquer hora. 
P - Os materiais estão prontos? 
R - Sim, Sapientíssimo. 

O SAPIENTÍSSIMO: 
- Visto que todos os irmãos presentes são verdadeiros Maçons, que estamos resguardados dos olhos e ouvidos vulgares, que a Academia se abre à qualquer hora e que os materiais estão prontos, Primeiro e Segundo Sábios anunciai à todos os acadêmicos que a Academia está aberta e que estamos para começar as nossas operações. 
Então, o Sapientíssimo bate os golpes que o Primeiro e Segundo Sábios repetem; faz-se o sinal; diz-se: 

“Glória, louvor e honra ao Criador. Paz, bênção e prosperidade aos verdadeiros Maçons”.
E as mãos estando cruzadas sobre o ventre, faz-se respectivamente uma grande reverência, e depois o Sapientíssimo bate um golpe, que o Primeiro e o Segundo Sábio repete, e diz: - Primeiro e Segundo Sábio, perguntem aos acadêmicos se têm qualquer coisa para propor para o bem da Academia. 

O acadêmico que deve fazer a dissertação levanta-se e faz a leitura, depois da qual os acadêmicos aplaudem batendo dez vezes as mãos. O acadêmico responde com o mesmo número, e a Academia tendo posto em deliberação a matéria que deverá tratar-se na sessão seguinte, o Sapientíssimo a propõe em voz alta aquele que deve ser encarregado de tratá-la, e todos juntos examinaram o trabalho, e colocaram tudo em regra; se tem uma recepção para fazer o Primeiro Sábio diz: 
- Sapientíssimo, tem um filósofo Maçom na câmara de preparação que a Academia julgou digno de ser admitido entre nós. 
O Sapientíssimo pede novamente o consenso da Academia, que deve manifestá-lo batendo a baqueta sobre o pavimento. 

RECEPÇÃO: 
O consenso tendo sido dado, o Sapientíssimo incumbe um dos acadêmicos para preparar o candidato; este, tendo saudado o Sapientíssimo e os acadêmicos, sai da Academia, e vai ao encontro do candidato e lhe diz: 
- Filósofo, estais vós sempre com a disposição de alcançar o grau de verdadeiro Maçom? 
Se aquele responde sim, lhe é ordenado despojar-se de todos os metais, deixar o seu paletó, a sua capa, seus sapatos e de dobrar as mangas da camisa sobre o braço, as mãos são atadas atrás das costas, os olhos vendados, é conduzido pelo braço à porta da Academia e bate como verdadeiro Maçom. O primeiro Sábio diz ao Sapientíssimo: 
- Bate-se à porta como verdadeiro Maçom. 
O Sapientíssimo diz ao Primeiro Sábio para solicitar a um Acadêmico para ver o que é. 
Este, tendo batido na porta os golpes, e depois de haver repetido, abre e diz: 
- O que desejam? Deixem-nos operar! 
O preparador responde: 
- Vos conduzo o candidato que foi admitido na Academia, tenham a bondade de anunciá-lo ao Sapientíssimo e aos acadêmicos. O encarregado fecha a porta, coloca-se à ordem entre os dois Sábios, saúda o Sapientíssimo e diz: 
- Sapientíssimo, o preparador nos conduz o candidato que admitimos. 
O Sapientíssimo diz: 
- Ordenai o seu ingresso se está em ordem. 
O encarregado, tendo saudado o Sapientíssimo e os acadêmicos, vem à porta, bate como verdadeiro Maçom e os golpes tendo sido repetidos pelo preparador, abre a porta e diz ao Sábio Preparador: 
- Faça entrar o candidato se está em ordem. 
Então, o preparador o introduz, leva-o ao ocidente entre os dois sábios a um passo de distância em direção ao Oriente; ele deve ter uma terrina (o que não é praxe, a não ser no dia da recepção) onde será colocado o espírito do vinho, do mercúrio e do sal que se acenderá e unicamente fará clara a Academia. O Sapientíssimo dirá, pois, ao candidato: 
P - Filósofo Maçom, o que pedistes? 
R - Sapientíssimo, peço para ser admitido na vossa Augusta Academia, se me julgais digno. 
P - Sábios Acadêmicos julgam, vós o candidato digno de ser admitido entre nós? 
Todos os acadêmicos terão o cuidado de observar um profundo silêncio durante toda a recepção, baterão juntos as suas baquetas sobre o pavimento. (Batem-se as baquetas sobre o pavimento). Isto tendo sido feito, o Sapientíssimo diz ao primeiro Sábio: 
- Pois que a Academia julga o candidato digno de ser admitido entre nós, façai-o viajar em círculo, em esquadro e em triângulo. 
Cumpridas as três viagens, coloca-se o candidato no oriente e o Sapientíssimo ordena ao Primeiro Sábio que lhe desvende os olhos e que o faça ponderar sobre a terrina. Todos os acadêmicos estarão à ordem neste momento. Depois de o candidato haver ponderado durante quatro minutos sobre a terrina, o Sapientíssimo ordenará ao primeiro Sábio que o conduza aos pés do trono para prestar o seu juramento. 
Tendo ali chegado, colocar-se-á de joelhos e repetirá com o Sapientíssimo a seguinte obrigação: 

OBRIGAÇÃO: 
- Prometo, com palavra de honra e sob pena de ter os lábios trancados e o ventre aberto, de nunca revelar direta ou indiretamente, a quem quer que seja, os mistérios que estão para me serem revelados. O grande Jehova me tenha na sua santa e potente custódia. 
Todos os acadêmicos responderão. Amém. 
Quando o candidato presta a sua obrigação todos os acadêmicos devem posicionar-se em torno dele e colocar as baquetas sobre sua cabeça. Quando da obrigação prestada, todos os Acadêmicos retornam aos seus lugares; e o Sapientíssimo desamarra as mãos do candidato dizendo-lhe: 
- Pelos poderes que recebi e pelo consenso da Academia, vos constituo verdadeiro Maçom e vos permito de gozar de todos os privilégios acordados neste augusto grau. 
Dê-lhe, portanto, o sinal, a palavra e o toque, a idade, o nome, condecora-o com as jóias, com o avental, com as luvas, com a baqueta e lhe ordena a fazer-se reconhecer por todos os acadêmicos. Isto feito se estende o Quadro (da loja) sobre o pavimento e põem-se três candelabros em triângulo; faz-lhe dar os três passos, e tendo tomado lugar a direita do Sapientíssimo, pronuncia o seu discurso, ao qual o Sapientíssimo responde com o seguinte discurso: 

DISCURSO DO SAPIENTÍSSIMO: 
“- Sábio acadêmico, a ciência na qual vos é ora iniciado, confiando-vos o grau de verdadeiro Maçom, é a mais antiga das ciências. Deus a criou ordenando o caos; esta é a mais universal, todas as outras recebem desta os seus princípios; esta é a mais necessária; sem esta o homem não é nada mais do que trevas, doenças e misérias; esta é emanada da natureza, ou melhor, é esta a natureza mesma aperfeiçoada mediante a arte; esta é fundamentada sobre a experiência. Esta teve os seus adeptos em todos os séculos, e também nos nossos dias uma multidão de artistas sacrificam em vão os seus bens, os seus trabalhos e o seu tempo, isto porque, longe de imitar a nobre simplicidade que a caracteriza e de seguir as vias retas que esta lhes traça, estes a oneram com um fardo que esta não pode suportar e se perdem no labirinto para onde uma louca imaginação lhes arrasta; as brincadeiras picantes as quais os profanos que, sem respeito a Deus, sem atenção pela natureza, sem estima pela arte, dirigem aos nossos mais sérios mistérios; as sátiras grosseiras destes ignorantes muito pesados pelos próprios sentidos para elevarem-se à sublimidade dos nossos conhecimentos, blasfemam sobre tudo aquilo que não podem compreender; disto o apressado ridículo destes indolentes os quais, a menos que um espírito hábil e uma mente laboriosa não façam por estes a despesa da descoberta e do trabalho, desprezam tudo aquilo que não têm nem a força de imaginar nem a coragem de executar; disto enfim os panfleteiros injuriosos destes temerários, que com uma ousadia plena de má fé, ousam colocar a verdade de sua ciência hermética ao nível das invenções humanas, das superstições populares, sem outro motivo que não seja o desejo de invalidar a autenticidade e a impossibilidade de destruir o testemunho. 
Abandonemos os filhos das trevas e estes inimigos de si próprios e toda a vergonha de suas vãs e inconseqüentes idéias; voltemo-nos aos verdadeiros filhos da luz e sinceros amigos da humanidade que vêem nos seus ensinamentos e nas suas práticas a verdade claramente enunciada. Saboreemos duradouramente goles de doçura que esta nos apresenta; gozemos com reconhecimento das vantagens que esta nos dirige, e animados por um único e santo entusiasmo não cessemos de exaltar a onipotência e a misericórdia infinita de Deus, que se compraz em humilhar os grandes e elevar os humildes. 
Não esperais, todavia, Sábio Acadêmico, que nós vos aplainemos todos os obstáculos que se encontrarão nesta ciência; isto seria ofender a sua sagacidade. Aplicamos-nos em dirigir os vossos estudos e indicando-vos as fontes às quais deveis atingir vos colocamos sobre o reto caminho que deveis manter. 
Não me resta senão exortar-vos a seguir o caminho do grande homem cuja presença nos foi tão cara e tão útil e cuja recordação nos será para sempre preciosa. Os seus talentos e suas virtudes ganharam os nossos sufrágios, e mereceram os vossos elogios, a sua perda causará sempre saudade e nossas lágrimas. Que o grande Jehova se digne em lançar sobre vós um olhar favorável e de fazer-vos marchar com paciência e perseverança na penosa, mas sábia carreira que estais para empreender; estes são os votos que a Augusta Academia vos faz e que felicita-se de ter-vos (entre os seus) e que vos considera para sempre um dos mais caros colaboradores. 
O Primeiro Sábio vos dará agora a explicação do quadro. 
Portanto eu vos farei a instrução. 
“Prestai um ouvido atento; vós aprendereis em um e em outro a nobreza dos vossos direitos, a extensão dos vossos deveres e a grandeza de vossas esperanças.” 

EXPLICAÇÃO DO QUADRO: 
“- Vós vedes antes de tudo, Sábio Acadêmico, no alto do quadro um triângulo luminoso com um grande J no meio; o triângulo representa um Deus em três pessoas e o grande J é a letra inicial do nome inefável do Grande Arquiteto do Universo; o círculo tenebroso significa o caos que Deus criou no início; a Cruz que se encontra dentro significa a luz por meio da qual se desenvolve; o quadrado significa os quatro elementos que resultam; o triângulo, os três princípios que a mistura dos elementos produz. 
O que circunda o círculo estrelado designa o firmamento; o círculo estrelado são as águas que Deus colocou sob o Firmamento e o círculo estrelado designa o firmamento ou o céu que vemos; o outro grande círculo com os signos e os planetas, denota o Zodíaco; o círculo do centro, a água e a terra; a cruz que lhe está acima significa que o mesmo Deus que criou o Universo com a sua onipotência resgataram-o com a sua bondade; as quatro figuras que lhe estão acima são emblemas do ar e dos quatro ventos. 

O homem, o sol e a planta que se vê sobre a face da terra são a imagem dos três reinos da natureza, isto é, o animal, o mineral e o vegetal, que por meio do fogo elementar e do fogo central o orvalho coloca em agitação contínua, atingindo a sua perfeição; as duas letras mais altas significam que Deus Cria; aquelas que estão abaixo, que a Natureza Produz; e as mais inferiores, que a Arte Multiplica. 

O altar dos perfumes nos indica o fogo que precisa dar à matéria; as duas torres, os dois fornilhos, o úmido e seco com os quais precisa operar; o tubo no qual se deve procurar o grau do fogo que se deve dar; a "Boule", o oco de Carvalho que deve circundar o ovo filosófico; aquilo que está sob a baqueta serve para remover os materiais; e as duas figuras dos crisóis com uma Cruz sobre montada, não são outra coisa que o vaso da natureza e aquele da arte no qual se deve fazer o duplo matrimônio da Fêmea branca com o seu servidor vermelho, e deste duplo matrimônio “Nascerá um Rei assaz poderoso.” Nota: o Primeiro Sábio deve ainda fazer a explicação filosófica do grau de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom. 

INSTRUÇÃO: 
P - Quem sois? 
R - Sou verdadeiro Maçom. 
P - Dái-me provas? 
R - Faz-se o sinal, se dá a palavra e o toque. 
P - O que significa o vosso sinal? 
R - Que eu consinto de ter meus lábios lacrados e o ventre aberto se não cumpro com meu compromisso. 
P - O que quer dizer a vossa palavra sagrada? 
R - O nome inefável de Deus. 
P - E a vossa palavra de Passe? 
R - É o nome da inteligência que preside aos metais. 
P - O que pretendeis significar com o vosso toque? 
R - A amizade e a sabedoria que devem reinar entre os acadêmicos. 
P - Quais são as verdadeiras qualidades de um verdadeiro Maçom? 
R - Deve ser cristão, discreto, caridoso e sábio. 
P - Qual é o objetivo de um verdadeiro Maçom? 
R - Trabalhar a pedra triangular. 
P - Quem é o vosso Pai? 
R - Hermes. 
P - Quais são os vossos irmãos? 
R - Os amadores. 
P - Quais são os vossos mestres? 
R - Os adeptos. 
P - Como vos chamais? 
R - Amador. 
P - Que idade haveis? 
R - Já faz muito tempo que não conto mais. 
P - Como fois recebido? 
R - Sem nenhum metal, sem paletó, sem capa, sem sapato e com as mangas da camisa dobradas sobre o braço, os olhos vendados e as mãos amarradas às costas. 
P - Por que sem metais? 
R - Porque um verdadeiro artista não deve servir-se destes para atingir seus objetivos. 
P - Por que sem paletó, sem capa, sem sapato e as mangas da camisa dobradas sobre o braço? 
R - Porque um verdadeiro artista deve estar sempre pronto a trabalhar e não ter nada que possa atrapalhá-lo. 
P - Por que os olhos vendados e as mãos amarradas às costas? R - Para indicar que estava nas travas mais profundas antes de ser agregado a vossa Academia e na importância de trabalhar segundo as regras da arte. 
P - Vos foi dada a luz? 
R - Sim, Sapientíssimo, a mistura dos três princípios iluminou-me. P - Sabeis operar? 
R - Sim, Sapientíssimo, sei agitar a baqueta, manipular os materiais e lutar o vaso. 
P - Sobre o que se apóia a vossa Academia? 
R - Sobre três colunas. 
P - Como se chamam? 
R - Fé, Esperança e Caridade. A Fé deve preceder a ação, a Esperança acompanhá-la e a Caridade segui-la. 
P - O que significa os dez golpes que bateis entrando na Academia? R - O número perfeito. 
P - Por que dizeis que o dez é o número perfeito? 
R - Porque o número dez encerra simultaneamente a unidade de Deus, da qual tudo foi criado, e o caos do qual tudo o que existe foi produzido; aquele que for tão afortunado de compreender o que é este nome na aritmética formal conhecerá a natureza esférica que tem o número dez, saberá - refiro a Pico Della Mirandola - o segredo da qüinquagésima porta da inteligência e do grande jubileu, da milésima geração e do reino de todos os séculos que os cabalistas chamam “en soph", ou a própria divindade sem véus. 
P - Me expliqueis o que quer dizer a vossa jóia e as cores da fita na qual está pendurada, a cruz e as duas letras que estão sobre a barra do vosso avental, o sol que está no centro às letras que estão aos dois lados e a cor vermelha com a qual é forrado e bordado (1). 
R - A jóia é a figura do mercúrio, do enxofre e do sal; as cores da fita e das luvas representam as três cores principais que comparecem no regime; a cruz que está sobre a barra do avental, a luz; as duas letras que estão ao lado da cruz, verdadeiro Maçom; o sol do centro, o ouro; as letras já foram explicadas. Enfim, a cor vermelha papoula com a qual o avental é forrado e bordado, designa a perfeição da pedra filosofal, como o negro denota a putrefação e o branco a sublimação. 
(1) Não é indicada a cor de fundo do avental, mas é certamente o branco como se deduz do fato que as cores da fita são branco, preto e vermelho. No avental o preto é dado pelas letras. 
P - De onde vindes? 
R - De ter percorrido o céu e a terra. 
P - O que haveis visto? 
R - O caos. 
P - Quem o criou? 
R - Deus. 
P - Quem o produziu? 
R - A natureza. 
P - Quem o aperfeiçoou? 
R - Deus, a natureza e a arte. 
P - O que entendeis por caos? 
R - A matéria universal sem forma suscetível de cada forma. P - Qual é a sua forma? 
R - A luz aprisionada na semente (origem, princípio) de cada espécie. 
P - Qual é o seu ligame? 
R - O espírito universal ácido. 
P - Sabeis trabalhar a matéria universal? 
R - Sim, Sapientíssimo. 
P - Do que vos servis para isto? 
R - Do fogo interno e externo. 
P - O que resulta? 
R - Os quatro elementos que são ditos princípios imediantes. P - Como se chamam? 
R - Fogo, ar, água e terra. 
P - Quais são as suas qualidades? R - O quente, o seco, o frio e o úmido. Duas destas unidas a cada elemento. Isto é, a terra com seco e frio; a água com frio e úmido; o ar com úmido e quente; e o fogo com quente e seco, portanto este vem unir-se com a terra, porque os elementos são circulares como o vento, o nosso pai Hermes. P - O que produz a mistura dos quatro elementos e de suas qualidades da qual tudo é constituído? 
R - Os três princípios principiantes mediatos. 
P - Quais os nomes dados a eles? 
R - Mercúrio, enxofre e sal. 
P - O que entendeis por mercúrio, enxofre e sal? 
R - Entendo o mercúrio, o enxofre e o sal filosóficos e não os vulgares. 
P - O que é o mercúrio filosófico? 
R - É uma água e um espírito que dissolve e sublima o sal. P - O que é o enxofre? 
R - É um fogo, uma alma que o guia e o colore. 
P - O que é o sal? 
R - É uma terra e um corpo que se congela e se fixa, e tudo se faz mediante o veículo do ar. 
P - O que deriva destes três princípios? 
R - Os quatro elementos duplos como diz Hermes, ou os grandes elementos, segundo Raimundo Lullo, que são o mercúrio, o enxofre, o sal e o vidro, dos quais dois são voláteis, a saber, a água e o ar que é o óleo, pois todas as substâncias líquidas pela sua natureza evitam o fogo e a terra pura, que é o vidro sobre o qual o fogo não tem mais ação com o raio ou afins, a menos que não se sirva do licor ALKAEST, pois considerando que cada elemento consiste de duas qualidades, estes grandes elementos duplos: mercúrio, enxofre, sal e vidro, participam dos dois elementos simples, ou melhor, dizendo, de todos os quatro elementos, mais ou menos em um ou em outro, o mercúrio tendo mais água, à qual é atribuído, o óleo ou o enxofre do ar, o sal do fogo e o vidro da terra, que se encontra pura e limpa no centro de todos os compostos elementares e é a última a revelar-se livre dos demais. 
P - Onde residem os quatro elementos e os três princípios principiantes mediatos? R - Em todos os mistos, mas mais proximamente e mais patentemente em alguns mais do que em outros. 
P - O que entendeis por misto? 
R - Os animais, os vegetais e os minerais. 
P - Quem dá aos mistos o movimento, o sentimento, o nutrimento e a substância? 
R - Os quatro elementos: o fogo dá o movimento, o ar dá o sentimento, a água o nutrimento e a terra a substância. 
P - Para que servem os quatro elementos duplos? 
R - Para gerar a pedra filosofal se é bastante talentoso para dar a eles o fogo apto e controlá-lo segundo os pesos da natureza. 
P - Qual é o grau do fogo? 
R - De trinta e duas horas para a putrefação, de trinta e seis para a sublimação e quarenta para a perfeição. 
P - Que entendeis por peso da natureza? 
R - Entendo que dez partes de ar fazem uma de água, que dez de água fazem uma de terra e dez de terra fazem uma de fogo, seja pelo símbolo ativo de um, que pelo o passivo do outro, por meio do qual se faz a conversão dos elementos (assim, na grande obra precisa colocar dez partes de mercúrio filosófico sobre uma de sol ou de lua). 
P - Como se atinge este fim? 
R - Com a solução e a coagulação. 
P - O que significam estas palavras? 
R - Que precisa dissolver os corpos e congelar o espírito. P - Como se fazem estas duas operações? 
R - Com o banho úmido e com o banho seco. 
P - Quais são as cores que aparecem neste regime? 
R - As principais são o negro, o branco, o azul e o vermelho, que designam os quatro elementos (o negro, a terra; o branco, a água; o azul, o ar; o vermelho; o fogo), e nas quais estão inclusos grandíssimos segredos e mistérios. 
P - Quais os instrumentos que se devem empregar nesta grande obra? R - O banho úmido, o banho seco, os vasos da natureza e da arte, o oco do carvalho, o "lutrina sapientae", o selo de Hermes, o tubo, a lâmpada física e a baqueta de ferro. 
P - Quanto tempo leva para aperfeiçoá-la? 
R - Sete e dez meses filosóficos, segundo o Cosmopolita. P - Que vantagens se obtêm? 
R - Existem de duas espécies: a primeira refere-se ao espírito e a segunda ao corpo; aquelas do espírito consistem em conhecer a Deus, a natureza e a si próprio; aquelas do corpo são as riquezas e a saúde. P - Parece que me haveis dito de ter percorrido o céu e a terra? R - Sim, Sapientíssimo. 
P - O que entendeis com isto? 
R - Quis indicar com o céu o mundo inteligível que se divide em dois, a saber, o paraíso e o inferno, e com a terra o mundo sensível que também se divide em dois, a saber, o celeste e o elementar. 
P - Não têm talvez cada um destes dois, ciências que lhes são peculiares? 
R - Perdoe-me Sapientíssimo, uma é vulgar e trivial e a outra mística e secreta; o mundo inteligível tem a nossa teologia e a cabala; o celeste a astrologia e a magia, e o elementar a fisiologia e a alquimia que traz a luz com as suas resoluções e separações do fogo, os mais ocultos e selados segredos da natureza dos três gêneros compostos. Esta última ciência, nós a também denominamos ciência hermética ou operações da Grande Obra. P - Quais são as fontes que se pode atingir com esta última ciência? R - As mais puras são Hermes Trismegisto, isto vale dizer "três vezes grande", Geber, Arnaldo Vilanova, Raimundo Lullo, Basílio Valentim, Bernardo o Conde Trevisano, o Presidente D'Espagnet, Cavaliere, as figuras de Abraão e o Judeu e de Michele Maier, e muitos outros que vos faremos conhecer em seguida. 
P - Por que dizemos que a Academia se abre a qualquer hora? R - Porque a grande obra se pode começar em todos os tempos e em todas as estações. 
P - Por que dizemos "que a Academia se feche no instante que segue sete e dez"? R - Porque depois deste termo não resta mais nada a fazer dado que a grande obra está acabada. 
O Sapientíssimo diz: 
“- Eis? Sábio Acadêmico, aquilo que o Primeiro Sábio e eu tínhamos a dizer-vos para a vossa instrução; todos nós esperamos que vós fareis o vosso estudo principal, e que nós não teremos outro que a felicitar-nos todos os dias pela conquista que fizemos vendo o rápido progresso que fareis nesta ciência divina, único e verdadeiro escopo da franco maçonaria. Isto não está ao alcance do vulgo, este não poderá nunca penetrar os nossos mistérios e os nossos trabalhos porque estes não estão ao alcance de sua estúpida e profunda ignorância; faça com que a vossa discrição não decepcione e, pelo contrário, possa ultrapassar aquela de quem cujo o posto ocupais; prosseguis sobre o seu caminho e vos tornareis perfeito. 
Nós temos motivos para crer que ele lhe servirá de modelo e que o vosso progresso em geral, pelo menos, o igualaram. 
Nós ousamos esperar que a vossa assiduidade a tudo será surpreendente e nos confirmará na opinião favorável que tivemos a vosso respeito; nós esperamos que vós não a desmentir ais; é isto, esperamos vosso zelo e vossa ambição nesta sublime ciência; desejo que o grande Hermes Trismegisto vos ajude com suas luzes e coopere com a vossa perfeição. FECHAMENTO DA ACADEMIA: 
P - Primeiro e Segundo Sábios, perguntem a todos os Acadêmicos se não têm mais nada a dizer pelo bem da Academia e se estão satisfeitos. O Primeiro e Segundo Sábio havendo executado a vontade do Sapientíssimo e todos os acadêmicos havendo batido suas baquetas sobre o pavimento para sinalizar que não têm mais nada à dizer e que estão satisfeitos, então, o Sapientíssimo, dirigindo-se ao primeiro Sábio, diz: 
P - Primeiro Sábio, o trabalho está ordenado? 
R - Sim, Sapientíssimo. 
P - A que horas termina o trabalho? 
R - No instante que segue os sete e os dez. 
P - Que horas são? 
R - É o instante que segue os sete e os dez. 
O Sapientíssimo diz: "- Primeiro e Segundo Sábios, eis que o trabalho está ordenado e termina no instante que segue os sete e os dez, e nós enfim, tendo chegado a este término, é tempo de repousarmos e de gozar dos frutos da nossa operação. Anunciais, pois, que a Academia está para ser fechada." 
Então bate os dez golpes, que o Primeiro e o Segundo Sábio repete, e anuncia o fechamento da Academia. 
Faz-se o sinal, saúda-se respectivamente e se diz em conjunto: "- Glória e louvor ao Criador, paz, bênção e prosperidade aos verdadeiros Maçons." 

FÓRMULA DA PATENTE: 
Do Oriente do Sol que nunca perdemos de vista nos trabalhos; no ano da Maçonaria... No dia... Ao meio dia. 
P. P. PACE 
Nós chefe da Augusta Academia erigida sob a proteção de S. João Evangelista, atestamos pelo número dez, do qual conhecemos a perfeição e a extensão, de haver condecorado em um lugar santo, com o título de Verdadeiro Maçom, o irmão N. N. pela potência hermética da qual estamos investidos, mandamos a todos os irmãos Maçons dispersos sobre a superfície da Terra e da "Onda", de reconhecé-lo como tal e de deixá-lo gozar em paz de todos os privilégios ligados e devidos ao seu grau. 
Dando fé, de que assinamos todos e assinado pelo nosso secretário a presente Patente, que timbramos com o selo do nosso brasão e que não lhe foi entregue senão somente depois de havê-lo contra firmado de próprio punho. Que o grande Jehova dê saúde a todos aqueles que lhe darão boa acolhida, e que estes recebam de mim em nome da nossa augusta Academia a grande bênção que Isaac a deu a seu filho Jacob. 
Firma do Sapientíssimo f.. NN V.M. 
Pelo mandato da augusta Academia 
F NN V.M. Secretário 
Nota: As fitas às quais o selo é colado devem ser preta, branca e vermelha. 

BACHETTE: 
A mesa deve ser redonda e deve ser iluminada por quatro candelabros colocados em quadrado; está será servida sobriamente. 
O Sapientíssimo e o Primeiro e Segundo Sábio colocaram-se de modo a formar um triângulo. 
Não haverá outros brindes obrigatórios do que aqueles pelo Rei, pelo Sapientíssimo, pela Academia e por todos os Adeptos e amadores e pelo recém- recebido. 
O brinde se fará deste modo: 
O Sapientíssimo baterá um golpe com a sua baqueta: então todos os acadêmicos encheram seus copos. Ao segundo golpe, levaram a mão ao copo; ao terceiro golpe levaram a altura da boca; ao quarto beberam; ao quinto o recolocarão a altura da boca; ao sexto farão um círculo; ao sétimo um quadrado; ao oitavo um triângulo; ao nono o recolocarão a altura da boca e ao décimo o colocarão todos juntos sobre a mesa. 
Observar-se-á um profundo silêncio durante os três primeiros brindes; depois se poderá falar, mas com decência. A garrafa chama-se recipiente; o copo crisol; o pão o trabalho; o vinho, o elixir vermelho ou branco de acordo com a cor; a água, o mercúrio; o azeite, o enxofre; o sal, o sal; o vinagre, o dissolvente; a pimenta, absorvente; a colher, espátula; o garfo, o tridente; a faca, o viscador; o guardanapo, o avental; os pratos fundos, grande terrinas; os pratos rasos, pequenas terrinas; a sopa o cimento; os crustáceos, os materiais; o assado, o reino animal; o acompanhamento, o reino mineral; a sobremesa, o reino vegetal. 

Nota: O brinde ao Rei se pronuncia em pé diferentemente dos outros. 
FIM