É claro que devemos estar atentos às ameaças à Liberdade que nos assolam de vários quadrantes – como dizia Fernando Pessoa no corajoso e lúcido artigo do Diário de Lisboa – devemos ser tolerantes excepto quando regimes e ideologias ameaçam a nossa liberdade. Também a nossa vigilância deve exercer-se no domínio das ameaças aos nossos valores e direitos humanos, como por exemplo sugestões que ocorrem vindas de uma certa ciência e uma certa política que quer asfixiar as nossas vidas, confinando idosos e monitorizando os nossos passos. Se é certo que o confinamento tem sido necessário e útil para combater a doença, a tentação totalitária de instalar um certo darwinismo sanitário ameaça a vida dos velhos que não estejam infectados e pouco ou nada acrescenta à saúde publica. Ao mesmo tempo a monitorização da nossa vida social se poderá ser eventualmente justificada nestes tempos, ela corre o risco de se eternizar se os cidadãos não exercerem a sua opinião crítica e denúncia frontal.
Por último há que referir a sagrada obrigação do Maçom que é a de exercer a solidariedade, auxiliando os mais pobres e mais necessitados. É claro que o Estado e seus Governos têm a obrigação de prover a essas necessitados, mas as organizações maçónicas, Obediências e Lojas, e os Maçons a nível individual tem de cumprir o dever de Fraternidade em relação aos outros homens, uma “beneficência activa e esclarecida” que nada tem a ver com a “caridadezinha”. A solidariedade que os Maçons exercem dentro das Lojas tem de sair para fora delas, à luz do dia e tudo isto para o Bem da Humanidade e à Glória do Grande Arquitecto do Universo.
José Manuel Anes – Antigo Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP
Lisboa, 23 de Abril de 2020 - Publicado em Freemason