Mãe! Eu
volto a te ver na antiga sala,
onde uma noite te deixei sem fala dizendo adeus
como quem vai morrer.
E me viste
sumir pela neblina, porque a
sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar, depois... Perder.
Perder o
filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia
ampará-la e compensá-la... Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo...
O rouba!... E a velha mãe aflita, ainda se volta para abençoá-la!...
Assim
parti... E nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste.
Fui para o
mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio, frio... Olhando o leito que eu
deixei vazio...
Cantando uma cantiga de ninar!
Hoje volto
coberto de poeira
e te encontro, quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre
o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo. Quero acordar-te, mas não
sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.
O direito
de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria
que me aconteceu.
E quando vires a expressão horrível
da minha máscara
irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:''Sou eu!"
Eu bebi na
taberna dos cretinos;
eu brandi o punhal dos assassinos;
eu andei pelo braço
dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias;
eu fui vilão em todas as tragédias;
eu fui covarde em todas as batalhas.
Eu te esqueci:
as mães são esquecidas... Vivi a
vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última
esperança...
E só agora, quando a dor me alcança:
Lembro de quem nunca se
esqueceu de mim...
Não!... Eu
devo voltar... Ser esquecido... Mas, que foi? De repente ouço um ruído;
a
cadeira rangeu; é tarde agora!...
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e,
me envolvendo num milhão de abraços, rendendo graças, diz:"Meu
filho!", e chora.
E chora...
E treme... E como fala e ri...
E até parece que Deus entrou aqui,
em vez de o
último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face...
Quase é como
se o Céu me perdoasse
e me limpasse de todos os pecados.
Mãe! Nos teus
braços eu me transfiguro. Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho
mãe! E esta ventura é tanta,
que eu compreendo o que significa:
- O filho é
pobre... Mas a mãe é rica!
- O filho é homem...
Mas a mãe é santa!
Santa que
eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que
por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me
olhas num olhar tão doce que, nada tendo, não te falta nada.
Dia das
Mães!
É o dia da bondade...
Maior que todo o mal da humanidade
purificada
num amor fecundo...
E por mais que o homem seja um ser mesquinho...
Enquanto
uma Mãe cantar junto a um bercinho...
- Cantará a Esperança para o mundo!...
Giuseppe Artidoro Ghiaroni
Nenhum comentário:
Postar um comentário