Meu irmão: Quando solicitastes fazer parte da Franco-maçonaria, detivestes-vos por algum tempo numa câmara em que o símbolo da morte vos foi apresentado sob diversas formas. É morrendo para os prejuízos, para o obscurantismo, para todos os erros ancestrais ou sociais que vos tornastes franco-maçom.
Hoje, vosso trabalho sustido, vosso zelo pela Ordem, vosso devotamento a vossos Irmãos nos permitem convidar-vos para participar dos mistérios mais profundos e iniciar-vos no grau de Mestre. Este Grau é talvez o que dentre todos representa mais maravilhosamente os antigos mistérios do Egito.
Outrora, o iniciado nos mistérios de Osíris aprendia, além da existência de forças misteriosas que vos revelou o grau de Companheiro, a possibilidade para o homem viver uma vida diferente da vida física. Ensinava-se-lhe que a entrada e a saída da existência terrestre são guardadas pelo terrível mistério da morte. Para exprimir simbolicamente este mistério, o iniciado era envolvido em faixas e colocado num ataúde; ao seu redor se ouviam cantos tristes e majestosos, e depois ele renascia. Era-lhe revelada uma luz nova, e seu cérebro, dinamizado pelo vencimento do terror da morte, abria-se a idéias mais nobres, a devotamentos mais sublimes.
Hoje, as ciências profanas, graças ao devotamento dos Irmãos que nos precederam, transformaram a vida social. O manejo das forças físicas saiu das antigas universidades, dos templos fechados, para entrar nos laboratórios e, tal qual o pelicano simbólico a dar seu sangue para nutrir sua prole, o sábio contemporânio, o verdadeiro vidente da humanidade ainda cega, propicia aos profanos sua ciência e seu devotamento.
Mas a tradição dos símbolos é também uma ciência viva. Ela permite ao que a possui adaptar seus conhecimentos `as necessidades de seus Irmãos, reerguer uma sociedade que soçobrava, suster um coração desanimado e projetar a luz onde as trevas reinavam soberanas.
Outrora, repetia-se ao Iniciado a história de Osiris, sua dilaceração, sua reconstituição por Isis, e as danças simbólicas dos Iniciadores revelavam os mistérios que a palavra era incapaz de traduzir. Cada centro instrutor possuía uma história simbólica – lenda aparentemente frívola para os não iniciados – que servia de base a todo ensinamento dos mistérios.
A Franco-maçonaria, herdeira direta destas antigas Fraternidades iniciáticas, não faltou a este dever.
Vamos, meu irmão, repetir-vos a lenda de Hiram. Se não a houvéssemos precedido das considerações que acabamos de desenvolver, esta lenda pareceria um relato banal de coisas antigas e pouco interessante, e a vossa atenção não seria incitada a quebrar-lhe a casca para achar no centro do fruto a amêndoa nutritiva, libertadora de vossa intelectualidade. A lenda de Hiram contém a chave das maiores adaptações simbólicas que a Ordem maçônica tem de conseguir. Sob o ponto de vista social, a adaptação da inteligência aos diversos gêneros de trabalho, a divisão das forças sociais concorrendo com a harmonia do todo, o lugar dado ao Mestre por seu saber, são todos ali desenvolvidos.
Sob o ponto de vista moral se ensina a lei terrível que faz com que aquilo que haveis sustentado, que haveis construído, que haveis salvo, se revolve contra vós e vos procure matar, pois segundo a fórmula do animal humano, “o Iniciado matará o Iniciador”.Praticamente, enfim, a certeza de que todo sacrifício é a chave de uma floração futura, é o ramo da acácia que guiará os Irmãos para o tumulo daquele que se sacrificou por eles.
Tudo isso é eternamente vivo para um cérebro que compreende e indica um ensinamento que pode sempre ser transmitido através da humanidade, qualquer que seja a evolução da sociedade profana. Que nossos antigos Irmãos do século dezoito tenham visto nesta lenda uma representação mística da marcha do sol; que outros tenham ali descoberto adaptações filosóficas, isso pouco importa, pois toda lenda verdadeiramente simbólica é uma chave universal, adaptável a todas as manifestações físicas, morais e espirituais.
Agora, meu Irmão, compreendereis a razão de ser dos mistérios de que ides participar, e sabereis porque a Franco-maçonaria deve respeitar a tradição e os símbolos que foram confiados a seus Mestres iniciadores.
Segundo Discurso– Após a Exaltação
A partir deste dia, sois um verdadeiro elo da cadeia universal constituída em toda a Terra pela Franco-maçonaria. A partir deste dia, participareis das reuniões da câmara do meio, onde se reúnem física ou misticamente os arquitetos da sociedade futura, para dar `a humanidade, cada dia, um pouco mais de luz, um pouco mais de bem-estar e um pouco mais de razão.
Participando da obra universal de Franco-maçonaria, tendes direito `a assistência do universo inteiro. Onde quer que estejais, quaisquer que sejam as opiniões do povo em cujo meio permaneceis, qualquer que seja a sua linguagem, fazei um sinal e nossos irmãos correrão para vós.
Triunfaste da morte. Novo Hiram da anunciação social, vós ides, agora, estabelecer conscientemente o plano de vosso monumento intelectual, pois não sois mais o Aprendiz que se esforçava para desbastar a pedra mal talhada; não sois mais o Companheiro que, forte em ensinamentos intelectuais e tradições maçônicas, tinha constituído seu dinamismo cerebral. Vós sois o Mestre, consciente de sua personalidade, chamado a exercer, na Ordem, todas as funções administrativas das Lojas; a dirigir os Aprendizes em suas pesquisas intelectuais, e os vossos colegas – os Mestres – no traçado de suas pranchas simbólicas.
Vossa responsabilidade aumenta na própria razão da extensão de vossas funções. Se a Ordem vos assegura, por toda a parte, passagem e proteção, ela espera de vós um esforço contínuo, um trabalho sem esmorecimento para a libertação das inteligências oprimidas, e uma coragem a toda prova, se for preciso arriscar alguma coisa para salvar um de vossos Irmãos. Espalhai, pois, por toda a parte, a luz que recebestes. Procurai nas sociedades profanas as inteligências livres, os corações elevados, os espíritos ousados que, fugindo dos entraves da vida fácil e dos prejuízos, buscam uma vida nova e podem ser elementos poderosos para a difusão das idéias maçônicas. Aprendei a dirigir-vos por vós mesmos, a fugir de todo sectarismo.
E se combateis os erros e as superstições que os diversos sacerdotes impõem `a humanidade ainda na infância, sabei ser sempre tolerante, não vos torneis um sectário odioso aos seres humanos. Filósofo, isto é, amigo da sabedoria, sabei conservar sempre o equilíbrio mental que caracteriza o homem são de espírito. Lembrai-vos de que Hiram assentou suas duas colunas e que o capiteu da entrada do templo repousa harmoniosamente sustentado por Bohaz e Jachim, isto é pela Força e Estabilidade.
Não se construiu o edifício apoiando-o numa só coluna. Assim, pois, na construção intelectual que tereis de empreender, sabei equilibrar sempre os ensinamentos da razão com os devotamentos do coração. Lembrai-vos que a Franco-maçonaria vem em auxilio dos infelizes, quaisquer que sejam as suas opiniões, e que, em sua ação sobre a sociedade profana, ela liberta as consciências e ao mesmo tempo reergue a coragem daqueles que não esperam mais. E se na vida alguns traidores querem fazer desaparecer vossa obra; se, como Hiram, estais prestes a receber o golpe do malhete fatal da parte dos inconscientes ou revoltados, lembrai-vos de que todos os Irmãos presentes vos saberão defender. Lembrai-vos de que os Mestres dedicados seguirão, mais tarde, as pegadas de vossas obras e que o ramo de acácia servirá para reconhecer vossos esforços pelo desenvolvimento de nossa Ordem e manifestação de vossos recursos intelectuais.
Trabalhai, meu irmão. Adquiri a consciência de vossos deveres, e se nunca o desencorajamento entrar em vossa alma, ao perder vosso espírito a força de luta, recordai-vos deste dia solene e dizei:
“Não! Não faltarei `a minha missão; não! A covardia não me encadeiará o espírito; não! Não me deterei em minha missão de progresso, pois a acácia me é conhecida.”
Papus
Parabéns pelo conjunto das postagens dos discursos dos 3 graus.
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Fraternalmente,
MILTON ANTÔNIO GRAÇA DO SACRAMENTO
Comandante-em-Chefe do Consistório Nº 1.
Magnifico ensinamento meus irmao Fraternos ...
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