domingo, 18 de agosto de 2019

Simbolismo do Delta Sagrado


O DELTA SAGRADO, também chamado DELTA LUMINOSO, é o triângulo eqüilátero que se vê no painel situado atrás do Trono do Venerável e que possui, em seu centro, um “olho” humano ou simplesmente a letra “G” ou, mais raramente, a letra hebraica YOD que se apresenta graficamente como uma pequena vírgula. O nome DELTA, dado ao Triângulo, vem da quarta letra do alfabeto grego que é representada graficamente por um triângulo.

O Triângulo eqüilátero já estudado, representa os três aspectos da Divindade do Grande Arquiteto do Universo, aspectos estes absolutamente idênticos e iguais e que nos lembram a sua onipresença, onisciência e onipotência. No centro do Triângulo vê-se desenhado um “olho” e isto é uma versão moderna do simbolismo maçônico para lembrar, mais rapidamente, que “Deus está presente” e que Deus vê tudo”, isto é, que o Grande Arquiteto do Universo está sempre presente, vendo todos os nossos atos e todos os nossos pensamentos. Também é muito comum ver-se no centro do triângulo, em lugar do “olho”, a letra “G” que, como já vimos anteriormente, é uma modificação do ideograma representado por uma serpente que morde a própria cauda, sugerindo o eterno movimento, característica de Deus. Mas, ainda hoje, pode-se ver, em algumas Lojas, o Triângulo ostentando em seu centro uma figura mais ou menos parecida com uma vírgula. É o YOD, letra cabalística que significa Deus. 

Segundo relato histórico inserido no livro “Os Templários” de Adelino de Figueiredo Lima, o DELTA SAGRADO foi visto, pela primeira vez, no primeiro quartel do Século XII, por Hugo de Payns e mais oito cavaleiros franceses, nas ruínas do Templo de Salomão, em uma câmara subterrânea. Vamos dar aqui, sobre o DELTA SAGRADO, um pequeno trecho daquele autor, cuja leitura recomendamos: 

“O Triângulo, encontrado no Templo de Jerusalém, era uma figura geométrica constituída pela junção de três linhas e a letra YOD, no centro, significava a sua origem divina. Deus presidia os três reinos da natureza: o ‘mineral’, o ‘vegetal’, e o ‘animal’. O primeiro era a escola dos Aprendizes, o segundo, a dos Companheiros e o terceiro a dos Mestres. No mineral, era ‘Tubalkain’, o símbolo primário; no vegetal, ‘Schilbolet’ representava o progresso do Aprendiz; e no animal ‘Moabom’, que marcava a etapa final do gênero humano como filho que era da putrefação”. 
A visão do Triângulo levou os Templários a profundas considerações sobre o simbolismo por ele apresentado e viram a grandiosidade de sua significação como a expressão máxima da Matéria Cósmica e da Força Criadora, tendo em seus lados a representação da Alma Solar, da Alma do Mundo e da Vida. A reunião das três linhas lembrava a Unidade Perfeita representando, no Plano Material, a reunião do Pai, da Mãe e do Filho, constituintes da Família, princípio basilar da Sociedade. Já no Plano espiritual, o triângulo simboliza a Mente, a Alma e o Espírito, elementos integrantes do Absoluto. 

O YOD, que se apresenta no centro do DELTA SAGRADO, é a décima letra do alfabeto hebraico e, talvez, a menor de todas em representação gráfica, eis que ele se assemelha a uma vírgula. Esta letra é a inicial do Tetragrama IEVE, nome do Absoluto, a expressão mais importante de Deus, digna do mais profundo respeito e veneração. 

Os hebreus eram proibidos de pronunciar o Seu nome e todas as vezes que a ele tinham de se referir substituíam-no por Adonai. 

O Tetragrama é composto das letras YOD-HE-VAU-HE e é de notar-se que nele há, apenas, três letras diferentes ou, sejam o YOD, o HE e o VAU. Isto simboliza, no Plano Material, as três dimensões dos corpos, ou sejam; o comprimento, a largura e a altura e no Campo Espiritual significam a Grande Evolução do “que existiu”, do “que existe” e do “que existirá”. 

As provas materiais - da Terra, da Água, do Fogo e do Ar - às que foi submetido o Aprendiz, são relembradas, simbolicamente pelas quatro letras do Tetragrama. Embora as demais letras deste Tetragrama tenham a sua significação cabalística e revelem também profundo aspecto simbólico, delas não nos ocuparemos aqui, detendo-nos, apenas, na significação do YOD que é o objeto do nosso estudo. 

A letra YOD pode apresentar-se ora como vogal e ora como consoante. No primeiro caso, ela simboliza a manifestação potencial, a duração espiritual e a eternidade do poder criador da Divindade. No segundo caso ela representa a duração material de todas as coisas. Mas, a significação simbólica do YOD pode ser traduzida como: “Eu sou o que Sou”. Esta expressão encontra-se na passagem bíblica que narra o encontro de Moisés com o Senhor, no monte Sinai, quando Moisés perguntou-Lhe qual era o Seu nome, a fim de que ele O dissesse ao povo na sua volta. E Deus disse-lhe: “Eu sou o que Sou”. 

Representado como uma simples vírgula, ele lembra ser o “princípio de todas as coisas” e atendendo-se, ainda, ao fato de ser ele a décima letra do alfabeto hebraico, podemos raciocinar que este número, como já vimos, é formado pelo UM e pelo ZERO, estando o UM colocado antes do ZERO, ou seja, simbolicamente, a UNIDADE precedendo ao NADA, o que significa então que o Universo procedeu do NADA! 

Há, ainda, um outro aspecto que pode ser apreciado no simbolismo do YOD, ou seja, o aspecto geométrico. Com efeito, na Geometria, o YOD é representado por uma circunferência tendo em seu centro um ponto. No simbolismo desta figura o ponto representa Deus, e a circunferência apresenta o Universo limitado. Esta limitação, dada pela linha da circunferência, significa o Universo limitado em Deus. É necessário lembrar-se aqui de que embora em nossa conceituação humana o Universo seja considerado sem limites, face à infinita grandeza de Deus ele é perfeitamente limitado. 

Este é o simbolismo do YOD, o “princípio de todos os seres manifestados na Vida Absoluta”. A união do Espírito com a Alma Universal, isto é, a união do Poder de Deus com a sua Criação, harmonização perfeita entre a Criatura e o Criador, a Justiça com a Perfeição! 

Como se viu, o simbolismo do YOD não é simples e isto trouxe certas dificuldades em sua interpretação no decorrer dos tempos e, por isto, aos poucos este símbolo foi sendo substituído por um outro de forma mais fácil te ser interpretada, ou seja a letra “G”. 

Ao que parece, foi a Maçonaria Inglesa que fez a substituição do YOD pelo “G” e isto em virtude de que, sendo o YOD, em última análise a representação simbólica, de Deus, sua pronúncia se assemelhava, em muito, à da palavra GOD, inglesa, que se traduz por Deus. 

A letra “G” assume, atualmente, grande importância na ritualística e no simbolismo maçônicos e pode-se dizer mesmo que ela é um dos símbolos mais usados no interior de um Templo Maçônico. As interpretações que se dão a este símbolo variam quase que ao infinito e elas se referem, sempre, a tudo aquilo de bom, de justo e de perfeito que tem o seu nome iniciado com esta letra. Assim, encontramos explicações para a letra “G”, tais como: Grande Arquiteto do Universo, Grandeza do Mestre, Glória de Deus, Geometria, Geração, Gravitação, Gênio, Gnose e muitas e muitas outras que seria fastidioso enumerar. Acontece, porém, que o simbolismo é como que uma ciência que não permite divagações ao saber da fantasia de cada qual. Ele se refere especificamente a determinada coisa ou ser e, só sua interpretação correta pode dar a idéia correspondente àquilo que está hermeticamente representado. Portanto há que se pesquisar com consciência e seriedade o significado correto do símbolo. 

A hipótese aventada, da troca feita pelos ingleses do YOD para “G”, como uma assimilação de pronúncia, é aceitável, mas, é preciso ficar bem claro que, neste caso, houve uma feliz coincidência não só quanto à. vocalização dos sons das duas palavras - YOD e GOD - mas, ainda, pelo fato de que, como vimos, em hebraico YOD significa Deus e em inglês, a palavra GOD, também significa Deus! 

A explicação exata, no entanto, para a substituição do símbolo foi, realmente, a dificuldade de interpretação simbólica do YOD, principalmente pelos povos ocidentais, e mais, o fato de que a substituição em nada alterou o significado intrínseco do símbolo. Vimos, com efeito, linhas atrás, que na Geometria o YOD era representado por um círculo que tinha um ponto em seu centro e isto com a significação de Deus e sua criação, o Universo. Figuradamente o círculo se representava na Cabala por uma serpente que a própria cauda e este ideograma era o símbolo de Deus, representado por Seu eterno movimento criador. Quando, nos primórdios do alfabeto, os ideogramas se foram transformando em letras, o exercício da escrita foi, aos poucos, adulterando os símbolos primitivos. Podemos ver que a atual letra “B” foi, anteriormente, representada por um retângulo dividido ao meio por uma reta e formando dois quadrados; a letra “M” era representada por uma linha sinuosa lembrando uma onda do mar; a letra “T” representava- se por uma cruz. Assim, a letra YOD, cujo ideograma já se havia transformado de serpente em circulo com um ponto central foi transformando-se paulatinamente na letra “G”. É de supor-se que o constante exercício da escrita e o costume que iam adquirindo os “copistas” de lidar com as letras, levou-os, por desleixo ou por pressa, a mutilarem as letras e os símbolos. Assim, ao ter que desenhar um círculo e depois colocar um ponto em seu centro, podemos imaginar, sem esforço, que o “escriba” iniciava o traçado do círculo, partindo da direita para a esquerda e iniciando com um movimento ascendente. Quando terminava o traçado do circulo, sem levantar o “cálamo”, traçava uma reta até seu centro onde colocava o ponto. Assim a prática do desenho foi evoluindo e logo já não se preocupavam muito em fechar completamente o círculo, iniciando a feitura da reta que ia para o centro antes mesmo da linha circular se encontrar de todo. Daí o aspecto da letra YOD, transformado em letra “G”. 

Mudou-se o feitio gráfico do símbolo, mas isto não alterou em nada a sua significação simbólica. 

A idéia de Deus, ligada indestrutivelmente à de onisciência, trouxe uma nova transformação gráfica do símbolo. Esta, sim, foi drástica e vazada na interpretação simplista de uma figura que mais diretamente causasse impacto à primeira vista. O “G” foi substituído por um “olho”! A intenção, sem dúvida, se baseou na onisciência Divina traduzida na linguagem popular pelo “Deus vê tudo!” Foi por isto que se colocou dentro do DELTA SAGRADO a figura de “olho”. 

A idéia, sem dúvida brilhante, possuiu um cunho prático de levar o espírito do observador a alcançar, rapidamente, a idéia central da presença de Deus. 

A imagem de um “olho” vigilante, sempre aberto, sempre perquiridor conduz o Aprendiz, infalivelmente, ao entendimento de que por trás daquela figura há uma invisível presença! É, além disto, embora não acreditemos que tenha havido este propósito, uma forma de relembrar o período em que o homem, segundo nos relatam os estudiosos, possuía apenas um olho no meio da testa. 

Este fato, a par de uma hipótese científica, é uma realidade mitológica que pode ser encontrada em várias passagens da História primitiva, principalmente na narrativa feita em a “Odisséia”, na qual Ulisses, o herói grego, em suas andanças, encontra, nas costas da Sicília, uma terra habitada por gigantes que possuíam um só olho na testa - os ciclopes - um dos quais, Polifemo, prende a Ulisses e a seus companheiros. 

A Mitologia faz referências ainda a outros ciclopes, tais como Brontes que forjava os raios em sua oficina no monte Etna, Esteropes, que os colocava na bigorna e Piracnion que os martelava a golpes de malho. A palavra ciclope é formada de “ciclos”, que significa “círculo” e “ops” que se traduz por “olhar”. 

O sentido da visão, segundo os cientistas, evoluiu para o aparecimento de mais dois olhos na face do homem e, com isto o olho primitivo regrediu atrofiando-se até o seu completo desaparecimento. 

Órgãos que se atrofiaram não são raros no corpo humano. A Ciência nos informa de que houve um período em que o homem era hermafrodita, isto é, cada indivíduo possuía todos os órgãos masculinos e todos os órgãos femininos. A evolução encaminhou, aos poucos, o homem para a separação de sexos e, então, progressivamente nasceram indivíduos portadores só de órgãos masculinos e outros portadores só de órgãos femininos. Os órgãos que se atrofiaram deixaram, em cada indivíduo, seus vestígios. Os mamilos, no homem, são rudimentos de seios que, em épocas remotas tiveram a função de aleitamento. A próstata é hoje um útero rudimentar, mas que, em épocas passadas, esteve em pleno funcionamento. Na mulher, o clitóris é atualmente um pênis atrofiado que em primitivas eras cumpriu totalmente as funções deste órgão. Vemos, pois, que os órgãos rudimentares de que somos portadores são lembranças de eras avoengas. Isto leva os estudiosos a supor que a glândula pineal, situada profundamente no cérebro, em sua parte mediana anterior e que desempenha importantíssima função no equilíbrio do sistema glandular, apresentando ainda hoje, muitos mistérios não explicados em suas funções, leva a supor, dizíamos, que esta glândula pineal seja o resquício daquele primitivo olho dos ciclopes que se atrofiou com o aparecimento dos olhos faciais! 

Tudo o que acima foi dito, foi para explicar a existência deste olho único, então existente no homem e que tinha, segundo se supõe, propriedades outras, além de enxergar as coisas materiais. Este olho podia “enxergar” o mundo Espiritual. Era a terceira visão, que deixou de existir quando do aparecimento dos olhos que hoje temos no rosto. A Teologia afirma, em várias ocasiões, a existência de seres invisíveis aos nossos olhos, seres estes que ela denomina genericamente de anjos; admite, mais, a existência das almas das pessoas que morreram, habitando outras paragens que não o nosso mundo físico; a Mitologia nos fala de gnomos e espíritos da terra e ainda outras criaturas, invisíveis para nós, mas que, às vezes, se revelam para alguns mortais! Se, pois, há estas entidades espirituais e estas criaturas normalmente invisíveis, a sua invisibilidade decorre antes da impossibilidade que têm os nossos olhos materiais de vê-las, do que mesmo da sua existência. Acredita-se que os primitivos ciclopes podiam ver, com seu único olho, estas entidades invisíveis aos nossos olhos de hoje! 

A explicação disto decorre do fato de que os nossos olhos, que nada mais são que órgãos captores das vibrações luminosas que as recebem e as enviam ao cérebro para sua apreciação, só podem enxergar ondas 

As cores que conhecemos, em número de sete, chamadas cores fundamentais, são vibrações da luz com comprimentos de ondas diferentes que, por isso, sensibilizam de formas diversas a nossa retina e, enviadas ao cérebro, através do nervo ótico, se revelam como vermelho, amarelo; laranja, verde, azul, anil e violeta. Está, no entanto, cientificamente comprovado que além destas ondas percebidas por nossos olhos há outras que são incapazes de impressionar a nossa retina porque o seu comprimento de onda não sensibiliza os fótons, que são células da retina. Assim, as ondas ditas infravermelhas ou as chamadas ultravioletas, não são percebidas pelo olho humano, mas podem ser operadas por determinadas técnicas em certos aparelhos, que podem então fazer fotografias, com estes tipos de ondas, de objetos colocados em plena escuridão e, portanto, invisíveis para nós. Há insetos, como as abelhas, que enxergam com a luz ultravioleta, que não é percebida pelos olhos humanos. Existem, pois, qualidades de matéria que emitem raios luminosos com freqüência vibratória inferior ao infravermelho e superior ao ultravioleta. Este tipo de matéria não pode ser percebido pelos olhos humanos. Quem poderia contestar, peremptoriamente, o fato de serem as entidades espirituais, invisíveis aos nossos olhos, constituída por este tipo de matéria? 

Anjos, Arcanjos, Serafins, Querubins, Tronos, Potestades, Dominações, Espíritos, Almas, Gnomos, etc. e ele, são, pois, entidades “materiais” constituídas de matéria muito mais sutil, muito mais fina do que o tipo de matéria que conhecemos e que afeta ao estado sólido, líquido e gasoso. Por esta razão, não são por nós percebidos, não obstante estarem junto de nós, trabalhando conosco, orientando-nos, ensinando-nos a todo o momento! 

Com uma comparação grosseira, podemos dar uma idéia de como este mundo invisível, apesar de presente junto a nós, não consegue impressionar as células fóticas de nosso aparelho visual. Suponhamos que nos encontremos em um salão de cinema onde está sendo projetado na tela um filme qualquer. As imagens ali projetadas se movimentam e este movimento é perfeitamente acompanhado pelos nossos olhos. Suponhamos ainda que, em dado momento, sem que seja interrompida a projeção do filme, acendam-se todas as luzes do salão. O que acontece? Deixamos, imediatamente de ver as figuras que continuam a ser projetadas na tela, não obstante elas ali continuem a se movimentar como antes. Por que não as enxergamos mais? Porque uma causa exterior, ou seja, a luz, impediu que os nossos olhos captassem aquelas imagens agora de intensidade menor. Isto é o que acontece com relação ao mundo Espiritual que nos cerca. Ele existe, está aqui mesmo em torno de nós, mas, nossos olhos são incapazes de reagir às suas vibrações luminosas porque elas ou são menores do que as ondas infravermelhas ou maiores do que as ondas ultravioletas. Em resumo, porque nós não possuímos a terceira visão! 

Esta terceira visão era, segundo se acredita, um atributo normal ao homem primitivo, isto é, nos ciclopes. Parece, segundo relatos bíblicos, que os homens do tempo de Moisés, apesar de não serem mais ciclopes, tinham ainda, com certa facilidade, o poder de enxergar os entes do mundo espiritual. A Bíblia é cheia de relatos de “aparições” de anjos e outras entidades do mundo Espiritual que mantinham palestras, davam conselhos ou exprobravam aos homens. Ainda hoje os espiritistas afirmam que os “médiuns” entram em contato visual com as entidades do mundo espiritual. Não são todos os “médiuns” que têm esta capacidade. Apenas alguns, ditos “médiuns videntes” é que podem fazê-lo. Talvez se possa explicar cientificamente esta possibilidade que têm algumas pessoas de “verem” os espíritos e outras entidades, por uma transitória alteração na química dos fluidos corporais que possa predispor a retina a vibrar de forma a perceber as vibrações abaixo ou acima da escala luminosa normal à percepção dos olhos da maioria dos humanos. 

A possibilidade da terceira visão, em nós, o comum dos mortais, deve persistir em estado latente e é isto que nos faz perceber a existência de uma entidade superior por trás da figura do “olho” desenhada no centro do DELTA SAGRADO. Este “olho” é, sem dúvida, um elemento de vigilância, uma afirmação da “vigilância divina” que tudo observa, tudo sabe é tudo vê e que por isso mesmo obriga ao homem a seguir a sua vontade, vontade esta que emana no Templo Maçônico, envolvendo a tudo e a todos, fazendo-se respeitada por ser a própria vontade de Deus! 

O pensamento filosófico nos ensina que a “luz espiritual” é mais real do que a “luz material” mas aquela luz só pode ser percebida pela nossa atrofiada terceira visão que, não obstante o seu atrofiamento, inconscientemente a “enxerga” e obedece. Assim, dentro do Templo, cada Maçom é um ponto de captação desta misteriosa “luz espiritual” e, por isto, forma, com os outros Maçons que ali se encontram, uma verdadeira “Cadeia de União” na qual todos vibram sob os influxos de uma mesma Vontade Superior e refletem, em conjunto, esta Divina Vontade produzindo os benefícios do amor, da harmonia e da fraternidade que une todos os obreiros da Oficina. 

Sabemos que os trabalhos de uma Oficina Maçônica não têm nenhum valor se antes deles não for aberto o “Livro da Lei”, porque nele está a “palavra” Divina. Da mesma forma, no “olho” do DELTA SAGRADO está a “presença” Divina. Esta “presença” observa o Maçom não só em seu aspecto exterior, mas, ainda em todo o seu íntimo, no recôndito de seu coração e no âmago de sua alma! 

YOD, “G” ou “Olho”, o símbolo é o mesmo, a sua interpretação é a mesma, o seu significado é o mesmo! Ele lembra a presença de Deus dentro do Templo Maçônico, em toda a plenitude de Seus atributos divinos de perfeição, igualdade e justiça, representados nos fados perfeitamente iguais do Triângulo e, ainda, a Sua onisciência representada no seu símbolo central! 

Terminamos aqui as nossas considerações sobre o significado simbólico do DELTA SAGRADO e estamos certos de que não erramos quando nos recusamos a fazê-las para os Aprendizes porque, como se viu, estas considerações se restringem, quase que exclusivamente, ao campo da Filosofa Maçônica, do hermetismo da Cabala e do transcendentalismo do Plano Espiritual, o que era então, defeso ao Aprendiz, ligado como estava ainda unicamente aos fenômenos e às manifestações do Plano Material, incapaz, por isto mesmo, de compreender a beleza e a grandiosidade do Símbolo Sagrado. 

Estamos certos de que não erramos! 

Boanerges B.Castro-Simbolismo dos Números

domingo, 26 de maio de 2019

Ordem da Estrela do Oriente


Organização Paramaçônica criada em 1850, pelo Maçom Robert Morris (advogado e Grão-Mestre do Estado de Kentucky – EUA). 

Tem como propósitos através de seus trabalhos ritualísticos, ressaltar valores morais, espirituais, edificar caráter, educar, fazer caridade e servir ao próximo. Existe entre seus membros um profundo elo fraternal, muito amor o que aproxima uns dos outros fazendo-os cada vez mais queridos entre si, sendo um privilégio poder servir seu próximo sempre que for preciso e possível. Um dos grandes propósitos das Estrelas do Oriente é dar suporte a Ordem Rainbow Girls (Garotas Arco-Íris), preparando-as para uma vida de liderança dentro dos valores das Estrelas do Oriente.

Nestes 160 anos de existência, a Ordem tem se destacado por suas inúmeras obras de assistência, colocando-se como um alicerce social junto às Lojas Maçônicas.

A Estrela do Oriente tem como propósito: através dos seus trabalhos ritualísticos:

Educar;

Edificar caráter;

Ressaltar valores morais e espirituais;

Fazer caridade e servir ao próximo;

Dar suporte a “Ordem Internacional das Filhas de Jó;

” Não é uma religião e nem uma sociedade feminista.”

As reuniões do Capítulo são mensais e, obrigatoriamente, acontecerão em um Templo Maçônico ou Salas  Capitulares, pois a Ordem necessita ser apoiada por uma Loja Maçônica. No entanto, o apoio será restrito ao que diz respeito às instalações. Por se tratar de uma Ordem de adultos, o Capítulo se mantem por conta própria. Para formar um Capítulo é preciso 18 membros sendo 16 senhoras e 2 Mestres Maçons, patrocinada por uma ou mais Lojas Maçônicas regulares. 

A Ordem, desde sua fundação, cresceu muito e hoje existe em vários países. Estados Unidos (inclusive Alasca), França, Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha, México, Panamá, Filipinas, Japão, Porto Rico, Havaí, Austrália, Canadá, por exemplo. Conta com aproximadamente 1.200.000 membros.

Chegou ao Brasil, no Rio de Janeiro, em agosto de 1997 quando foram instalados quatro Capítulos. Hoje, no estado de São Paulo, existem mais de 40 Capítulos, além de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Espírito Santo…
Quem pode ser iniciado?
Podem ser iniciados no Capítulo da Estrela do Oriente, esposas, filhas, noras, mães, irmãs, netas, bisnetas e viúvas de Mestre Maçom que esteja regular com sua Loja Maçônica e Maçom que esteja regular em uma Loja. A idade mínima para poder ser iniciada é de 18 anos.

Os principais requisitos para ser uma Estrela do Oriente são:

– Crer em um Ser Supremo;

– Ter boa conduta moral;

– Ter consciência de bom relacionamento de amizade, fidelidade e irmandade para que a Ordem possa fluir com harmonia.

A Maçonaria honra-lhe com o indispensável patrocínio e lhe imprime as regras de ingresso e convivência, assim como a disciplina e a ética.

domingo, 12 de maio de 2019

Mestre Instalado não é grau


Em 12 de Outubro de 1804, foi criado em Paris o Supremo Conselho da França, o segundo no
mundo, para difundir na Europa o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Concebido, inicialmente, como Rito para Altos Graus, chegou aos Estados Unidos sem ritual próprio para os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. No dia 22 de Outubro, uma Assembleia Geral do Supremo Conselho da França fundou, também em Paris, a Grande Loja Geral Escocesa para organizar o ritual francês das Lojas Azuis (Blue Lodges) do Rito Escocês Antigo e Aceito (ainda não tinha sido cunhado o termo simbolismo para os três primeiros graus), tendo por base o Rito Antigo Aceito, praticado pela Grande Loja de Londres de 1751, a Grande Loja dos autoproclamados “antigos” maçons.

Na França, o Grande Oriente tinha como rito oficial, o Rito Escocês dos Modernos, ou Rito Francês, semelhante ao rito praticado pelas Lojas da Grande Loja de Londres de 1717, a primeira Grande Loja no mundo e denominada, pejorativamente, pelos seus adversários, como sendo dos “modernos” (os que inventaram ritual novo).

Quarenta dias depois, um acordo entre Grande Oriente e Supremo Conselho viabilizou a prática do Rito Escocês Antigo e Aceito dentro do Grande Oriente da França.

Começo da conturbada trajectória dos graus simbólicos do R E A A

O Grande Oriente fez misturas entre os dois ritos, em vários graus, principalmente porque praticou o Rito Escocês Antigo e Aceito no seu templo adornado para o Rito Francês.
No ano seguinte, 1805, os maçons do Supremo Conselho afirmaram que o Grande Oriente tinha violado o acordo.
Retiraram-se do Grande Oriente e passaram a trabalhar sozinhos. Por carência de membros preparados adequadamente, o Supremo Conselho, junto com a Grande Loja Geral Escocesa, ambos liderados pelo conde Alexandre de Grasse-Tilly,  e convidaram Oficiais do Grande Oriente para dirigirem os Altos Graus.
Esses maçons oriundos do Rito Francês, não conheciam bem o Rito Escocês Antigo e ainda, muitos, desdenharam o direito do Supremo Conselho comandar o Rito, em França.
Sob o abrigo do primeiro Grão-Mestre Adjunto, o Príncipe Cambaceres, que tinha aceito ser Grão-Mestre de cada um dos sistemas escoceses, ou mesmo, a presidência de honra, a Grande Loja Geral Escocesa e o Supremo Conselho entregaram-se com intensidade a toda a atividade que as suas lideranças puderam realizar.
No entanto, o Grande Oriente manteve com vigor o funcionamento do Rito Moderno e, ao mesmo tempo, lutou, ostensivamente, contra as tentativas das diversas autoridades do Supremo Conselho e da Grande Loja, de fazerem firmar-se o Rito Escocês Antigo e Aceito, como fora inicialmente organizado.

O esfacelar do Supremo Conselho e do R E A A na França

O período não estava favorável ao novo rito, surgindo como agravante às pretensões do Supremo Conselho, a queda do governo francês, em 1814.

Em 1804, quando o R E A A chegou à França, Napoleão Bonaparte fora coroado Imperador e teve promulgado o código civil napoleónico.

Em 1814, Napoleão foi derrotado pelos aliados formados por Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia.  Napoleão exila-se em Elba.

O Grande Oriente, pela sua força política, não teve que cessar totalmente as atividades, mas o Supremo Conselho e a Grande Loja Geral Escocesa sofreram com a resistência que enfrentavam do Grande Oriente e pouco realizaram. O Rito Escocês Antigo e Aceito praticamente desapareceu na França, nesse período.

Outro fator que muito contribuiu para o enfraquecer do rito foram as divergências entre os próprios integrantes, divididos em Supremo Conselho da França e Supremo Conselho da América.

A história dessas divergências internas mostra que não houve unidade no Supremo Conselho francês, além de mal estruturado, para enfrentar a campanha do Grande Oriente.

O resultado foi a decisão do Grande Oriente, em 1814, declarando, unilateralmente, que, em virtude de diferentes acordos datados de antes e depois da revolução francesa, ele retomava todos os direitos sobre os ritos Moderno e Escocês Antigo e Aceito.

Primeira ideia de loja capitular

Em 1816, o Grande Oriente assumiu a jurisdição de parte do Rito Escocês Antigo e Aceito, decidindo que ficaria com o poder sobre o conjunto dos graus 1º ao 18º. Esta escolha baseou-se na intenção de dirigir o Rito Escocês Antigo e Aceito na mesma abrangência simbólica que já fazia com o Rito Moderno, ou seja, do grau de Aprendiz ao Rosa-Cruz.

No Rito Moderno, a Rosa-Cruz é o 7º e no Escocês Antigo, o 18º. Em 1820, o Grande Oriente organiza um ritual do R E A A voltado para o funcionamento sequencial do grau de Aprendiz ao grau Rosa-Cruz.

A este conjunto de graus, sob a mesma direcção, foi atribuída a denominação de Loja Capitular, presidida preferencialmente por um Cavaleiro Rosa-Cruz.

O termo Simbolismo

Com o surgir das Lojas Capitulares em França, a denominação Lojas Azuis desapareceu, passando a ser empregado o termo “simbolismo” para representar o conjunto de graus – Aprendiz, Companheiro e Mestre – dentro da então, nova concepção obediencial no Rito Escocês Antigo e Aceito: Lojas Simbólicas, Lojas de Perfeição, Capítulos (obedientes ao Grande Oriente da França), Conselhos Kadosh, Consistórios, Supremo Conselho (obedientes ao Soberano Supremo Conselho do Grau 33).

Da França, o Rito Escocês Antigo e Aceito foi difundido para os países de língua latina, em maioria. Os países anglo-saxônicos, no entanto, não se submeteram às decisões do Grande Oriente da França e seguiram o modelo inicial.

O Supremo Conselho norte-americano continuou administrando o Rito Escocês Antigo e Aceito dos graus 4 ao 33, servindo-se das Lojas Azuis americanas, obedientes às Grandes Lojas, para perfazer o total de 33 graus.

As lojas capitulares no Brasil

O Supremo Conselho fez tratado de condomínio com o Grande Oriente do Brasil nas condições definidas na França: o GOB assumiu os graus 1º ao 18º, constituindo as Lojas Capitulares e o Supremo Conselho os graus 19º ao 33º. Esta estrutura permaneceu até 1927, quando o Supremo Conselho renunciou ao tratado com o Grande Oriente do Brasil e recuperou o seu poder sobre o Rito, do grau 4º ao 33º, reencontrando-se com o que acontecera em 1801, em Charleston, nos Estados Unidos.

A tendência mundial entre os Supremos Conselhos com reconhecimento mútuo, no início do século vinte, era de padronizar a divisão: graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre com jurisdição de Grandes Orientes ou Grandes Lojas e os 30 graus superiores com jurisdição dos Supremos Conselhos.

Rituais descaracterizados do simbolismo

Devido à ruptura do tratado com o Grande Oriente do Brasil, o Supremo Conselho do Brasil providenciou a criação das Grandes Lojas estaduais, que tiveram a incumbência de organizarem e coordenarem a prática dos graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito. Nessa oportunidade, o Supremo Conselho repetiu o que já acontecera em 1820, na França, deixou o simbolismo atirado à sua desventura funcional, com ritualismo confuso provocado ora pelas influências do Rito Moderno, ora dos Altos Graus do próprio Rito Escocês Antigo e Aceito.

As modificações produzidas pelo Grande Oriente da França, em 1820, com o ritual que criou as Lojas Capitulares, não foram desfeitas, sendo incorporadas aos graus simbólicos do rito, definitivamente.

Oriente elevado e com área delimitada

O piso do templo no ritual de 1804 é plano em toda a sua extensão. As colunas do norte e do sul estendem-se de oeste a leste. O Oriente é constituído pelo Venerável Mestre, que fica no Trono num plano elevado.

Não havia área demarcada do Oriente, como conhecemos hoje. O fundo do Oriente era um semicírculo e todos os Irmãos presentes, inclusive Oficiais, estavam incluídos numa das colunas; norte ou sul. A excepção fazia-se quando da presença de autoridade maçónica, dos Altos Graus do Rito ou de outros Ritos.

Nessa ocasião, o Venerável Mestre mandava sentar próximo e abaixo do Trono, acompanhando a curvatura da parede de fundo, de frente para o oeste.

O tratamento era pessoal, sendo concedida a palavra nominalmente, após a mesma circular nas colunas, por iniciativa do Venerável Mestre, sem, contudo, anunciar a palavra no Oriente, como presentemente.

O Oriente elevado, em comparação com o restante do templo, surgiu com as Lojas Capitulares, em França, no ritual de 1820.

Um terço da área do templo foi cercado por uma balaustrada com uma abertura no centro para a passagem dos Irmãos, que separou Oriente do Ocidente.

O acesso ao Oriente dá-se através de quatro degraus. O Oriente elevado e cercado foi idealizado para simbolizar o Santuário do Grau Rosa-Cruz, onde está a direcção da Loja, representada pelo Sapientíssimo Príncipe Rosa-Cruz.

Os Irmãos iniciados no grau 18º e acima, sentam-se no Oriente durante o desenvolvimento dos trabalhos da Loja.

Oriente proibido para Aprendizes e Companheiros

Durante o período em que os graus simbólicos estiveram incluídos na sequência ininterrupta até o 18º das Lojas Capitulares, os Aprendizes e Companheiros não têm permissão para ingressarem no Oriente.

Nessa fase, os maçons ainda aspirantes ao grau de Mestre, não desempenham cargos ritualísticos.

Nas cerimónias de Iniciação nos dois primeiros graus, Aprendizes e Companheiros não subiam ao Oriente, como se faz presentemente.

Nessa etapa, o Sapientíssimo Mestre descia do Oriente e lhe era apresentado o candidato no Ocidente, junto aos degraus de acesso ao Oriente.

Esse procedimento alerta para o fato de que o Oriente elevado e circunscrito nunca fez parte da ritualística dos graus simbólicos e, portanto, não devia ter permanecido na descrição do Templo, após o desaparecimento das Lojas Capitulares, porque contribuiu para desinformar a respeito do Templo adequado para as Lojas Simbólicas.

Mestres instalados no Oriente dos Cavaleiros Rosa-cruz

Está salientado e explicado que o Oriente elevado em relação ao Ocidente permaneceu indevidamente nos Templos dos graus simbólicos por negligência da orientação dos Supremos Conselhos, a começar pelo da França.

No surgir das Grandes Lojas brasileiras, o Templo das Lojas que se transferiram do Grande Oriente do Brasil, antes ajustado para os graus capitulares, não foi readaptado para o modelo original do Rito Escocês Antigo e Aceito, anterior a 1820, ou seja, o piso plano em toda a extensão.

Não bastasse esta influência capitular no simbolismo do R E A A, foi acrescentada a novidade que viria transformar o R E A A das Grandes Lojas num conjunto de procedimentos que representaram a presença parcial de vários Ritos num.

A figura do Past Master (o Mestre Instalado) da Grande Loja, dentro do R E A A, foi outro lance que, junto com o ritual criado em 1928, deformou ainda mais o R E A A antes conhecido.

A ritualística de Instalação do Mestre de Loja é mais antiga que o grau de Mestre Maçom e faz parte das duas únicas cerimónias formais que os ingleses realizavam desde a época em que foi fundada a primeira Grande Loja, em Londres, em 1717.

A iniciação do profano era feita sem encenações. Tinham maiores formalidades a passagem ao Grau de Companheiro e a posse do Companheiro Eleito na presidência de uma Loja Maçónica. A cerimónia de Instalação faz parte da história cultural da maçonaria inglesa.

Da outra parte, os primeiros rituais das Lojas Azuis (mais tarde, Lojas Simbólicas), do R E A A, em 1804, foram feitos pela Grande Loja Geral Escocesa, com cultura original de carácter operativo.

O cerimonial pomposo para a posse do Respeitável Mestre eleito foi sempre um reflexo da concepção inglesa de Maçonaria Real, não influenciada pelo período operativo.

A Inglaterra não teve Lojas operativas conhecidas. As posses, nas Lojas Simbólicas do R E A A foram em rito mais administrativo.

O surgir da figura do Mestre Instalado no meio do espaço natural entre o Mestre Maçon (Grau 3º) e o Mestre Secreto (Grau 4º), encontrou no Oriente elevado e circunscrito um ótimo local para fortalecer  a nova categoria de Mestre Maçon no R E A A. Não havendo Loja Capitular nas Grandes Lojas brasileiras, o Oriente, lugar antes reservado para os iniciados nos Graus Capitulares, foi ocupado pelos Mestres Instalados.

Com os seus segredos diferentes dos Mestres Maçons, os Mestres Instalados são considerados Mestres Maçons diferenciados e a eles é designado o Oriente elevado, região do Templo também diferenciada em comparação com o Ocidente. Dessa forma, os Mestres Instalados lembram nos graus simbólicos, os Cavaleiros Rosa-Cruz da antiga Loja Capitular.

As Lojas Simbólicas do R E A A que presentemente trabalham em Templo que possui o piso da parte oriental mais elevado, não estão contribuindo para mostrar como foram concebidos os três primeiros graus do R E A A na França, em 1804.

Por outro lado, se estas mesmas Lojas reservam o Oriente para a localização dos Mestres Maçons que têm a dignidade de Mestre Instalado, estão, as Lojas, praticando uma irregularidade ritualística, pois reconhecem uma categoria superior à de Mestre Maçon, mas que não é a do Mestre Secreto.

A superioridade hierárquica do Mestre Instalado sobre o Mestre Maçon está caracterizada e confirmada na cerimónia de Instalação, no momento em que todos os Mestres Maçons não Instalados são obrigados a cobrirem o Templo.

Nessa condição, estão também os Mestres Maçons do R E A A que tenham sido iniciados no grau 4º, 5º, 6º, etc… que não tenham sido eleitos Venerável Mestre.

São tratados como os do grau 3º e não permanecem no Templo, no momento de Instalação do Mestre Maçon eleito para dirigir a Loja.

A dignidade do Mestre Instalado é compatível tão somente com Ritos anglo-americanos, como o Craft e o York, que permitem no ritual a supremacia hierárquica do Mestre Instalado sobre o Mestre Maçon não instalado, embora, oficialmente, a Grande Loja Unida da Inglaterra não reconheça essa supremacia.

O Mestre Instalado não tem lugar no R E A A com 33 graus sequenciais. Serve, sim, para o R E A A que conta apenas 30 graus próprios, embora considere toda a cadeia com 33, como nos Estados Unidos.

O Past Master (Mestre Instalado) do Santo Arco Real

O Ritual Emulação tem uma extensão do terceiro grau, que não é considerada oficialmente um novo grau, chamado Santo Arco Real.

Embora não seja admitido pela Grande Loja Unida da Inglaterra como um grau superior, tem, porém, uma ritualística própria, na qual, em dada passagem, o Mestre Maçon é retirado do Templo e só permanecem os Past Masters.

Não deve o Santo Arco Real inglês ser confundido com o corpo de Graus Superiores do sistema americano, conhecido como Real Arco, que tem vários graus.

A história de que o Santo Arco Real inglês não é um grau, não é assim entendida pela maioria dos maçons ingleses. Esta definição foi imaginada para contentar correntes antagónicas que se debatiam em defesa das suas ideias e crenças ritualísticas, durante as reuniões de negociações que prepararam a união das duas Grandes Lojas inglesas rivais, a dos “modernos” e a dos “antigos”, na Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1813.

A Grande Loja Unida, apesar de inflexível na observância dos critérios de reconhecimento de outras Potências Maçônicas, não proíbe, não faz tratados com Obediências dos Altos Graus, não interfere nos assuntos relativos a estes Graus Superiores. Simplesmente, ignora-os.

Os praticantes do Santo Arco Real, surgido por volta de 1751, apregoavam serem detentores dos segredos da palavra sagrada que foi perdida, segundo a lenda do terceiro grau. Isto despertava grande curiosidade naquela época e muitos maçons desejavam ser exaltados no Santo Arco Real.

Para que o ato de união entre as Grandes Lojas inglesas rivais se efectivasse, foi encontrada esta solução que a cultura inglesa demonstrou ter assimilado bem; incluir o Santo Arco Real como um complemento do terceiro grau, mas sem se constituir no quarto grau.

O Santo Arco Real é fundamentado no relato bíblico que descreve o retorno do povo judeu da Babilónia, em 538 a.C. e na antiga lenda surgida durante a construção do quarto Templo, em torno de 400 d.C., que descreve a descoberta de uma cripta, de um altar e da palavra sagrada.

Assim, a estrutura da Franco-maçonaria inglesa considerou, em dado momento da história, 1813, que a Maçonaria Pura e Antiga consiste de apenas três graus, mas que se inclui nesses o Santo Arco Real.

É, verdadeiramente, coisa para inglês ver. Para administrar o Santo Arco Real, os ingleses têm o Supremo Grande Capítulo que concede “Brevê Constitutivo” para a fundação dos Capítulos do Arco Real que funcionam anexos às Lojas Simbólicas inglesas.

A dignidade de Past Master (Mestre Instalado) adotada pelas Grandes Lojas brasileiras tem origem nessa maçaroca inglesa que manteve os quatro graus do Santo Arco Real, todos sob a denominação de um desses graus, o de Past Master, sem considerá-lo grau superior.

O Rito Escocês Antigo e Aceito ganhou, através das Grandes Lojas, uma hierarquia formal entre os graus 3º e 4º, sem considerá-la grau superior ao de Mestre. Foi a continuação da maçaroca.

A.desconhecido

terça-feira, 7 de maio de 2019

Como posso tornar-me Maçom?

Antes de mais nada, o postulante ao ingresso nos quadros da Ordem Maçônica, deve Auto-avaliar-se em busca de valores, costumes, atitudes (interiores), e comportamentos sociais exteriorizados cotejando-os com algumas premissas a seguir apresentadas.

O Candidato deve, portanto, identificar-se com os aspectos a seguir:
Legal:
- ser emancipado e ter completado 18 anos antes da cerimônia de iniciação;
- se engajado em união estável, contar com a concordância da esposa;
- ser um homem integro, ligado e atualizado em relação ao seu tempo;
- ser empreendedor e capaz de assumir responsabilidades;
- ter emprego, residência e domicilio fixos, no Oriente (estado, município) pleiteado;
- suas atividades profissionais devem ser lícitas, não importando o métier;
- esperar encontrar na Loja pleiteada, homens livres, de bons costumes, capazes de realizar obras poderosas em benefício da Humanidade, da Pátria e da Família;

Doutrinário:
- ter religiosidade, melhor do que religião;
- crer em Deus, acima de tudo;
- ter uma idéia clara da virtude e do vício, adotando aquela e rejeitando este;
- estar apto a apreender conhecimentos litúrgicos e filosóficos;
- distinguir entre religião e maçonaria;
- ser respeitado na iniciação, não só pelas características esotéricas, exotéricas e metafísicas do evento, como pelo significado simbólico trazido pelas nossas tradições e regularidade;

Prático:
- apresentar bons costumes;
- ter boa família;
- seguir as leis

Metafísico:
-ser receptivo a idéias;
- estar ideologicamente alinhado com a idéia de Deus;

Da Tradição:
- estar apto; ou pronto, disposto e capacitado, "sponte SUA"

Iniciático:
- creditar respeito ao processo;
- manter o espírito receptivo ("nada lhe será cobrado; tudo será dado");

A admissão à Maçonaria é restrita a pessoas adultas sem limitações quanto a raça, credo e nacionalidade, desde que gozem de reputação ilibada e que sejam íntegros.

Nenhum homem, por melhor que seja, poderá ser recebido na Maçonaria, sem o consentimento de todos os maçons. Se alguém fosse imposto à Maçonaria, poderia ali causar desarmonia, ou perturbar a liberdade dos demais, o que sempre deve ser evitado.

A aceitação do pedido de ingresso na Ordem depende bastante da declaração de motivos do candidato. A Ordem espera que o candidato seja sincero perante sua própria consciência, quando do preenchimento da proposta de admissão.

Quando alguém se candidata a ingressar na Maçonaria, é verificado em sindicância se dispõe de ganhos pecuniários que permitam cumprir os compromissos maçônicos, sem sacrificar a família. Vale dizer que nenhum homem casado poderá entrar para a Maçonaria sem que a esposa esteja de acordo.

É óbvio que, ao se iniciar na Maçonaria, o indivíduo deverá assumir compromissos derivados de participação engajada e responsável nas lide maçônicas. Entre os compromissos e responsabilidades, encontram-se aqueles de estudar, com mente aberta, as instruções maçônicas, bem como, o de considerar denso sigilo sobre os ensinamentos recebidos e contribuir pecuniariamente para a manutenção de sua Loja e sua Obediência. Os compromissos e responsabilidades, a propósito, são do mesmo gênero daquelas encontradas em qualquer associação entre homens.

Ao contrário do "folclore" que alimenta a crença de muita gente, a Maçonaria não é uma sociedade secreta e exerce suas atividades extensivamente, sob o palio da legitimidade de sua natureza e da legalidade de seus atos e fatos administrativos, fiscais e tributários. Suas Propriedades, Constituições, Emendas, Regimentos e Estatutos são registrados em Cartório de Imóveis, Títulos e Documentos, e publicados em Diário Oficial.

Uma vez iniciado, o postulante torna-se Maçom, e, como tal, estará, para todo o sempre, sob constante vigilância de sua própria consciência e dos demais Maçons.

Isso posto, havendo seu interesse em "entrar" na Maçonaria, entre em contato com um Maçom de seu conhecimento ou com uma Loja Maçônica de sua cidade.

Grande Oriente

sexta-feira, 19 de abril de 2019

A Pedra que não queria ser trabalhada


Acordei, e era Meio Dia. Tinha de cumprir a minha primeira missão, o meu primeiro trabalho, enfim, a minha Primeira Prancha. Mãos à Obra. 
E que missão a minha!... nada mais nada menos que trabalhar uma Pedra. Vamos a isso. 

Campo fora, no meio de calhaus, tropeço aqui... reviro além, e eis que descubro, maravilha das maravilhas, uma bela pedra que pela sua forma, dimensão e textura, facilmente me permitirá executar um bom trabalho... sem trabalho nenhum! 

Um pequeno toque de cinzel...e (!?)... Não é possível !!! a Pedra desviou-se!?... e agora ela FALA!... 

(A Pedra) - Diz-me Aprendiz, porque me escolheste para objeto do teu Primeiro Trabalho? Será que a minha forma te apraz como sentido material do caminho que decidiste encetar, ou haverá algo de excitante na minha textura que te impede de imaginar que outras Pedras existem? 

(O Aprendiz) - Estou espantado, nunca imaginei que uma Pedra falasse, os Mestres a quem devo obediência não me indicaram que pedra escolher para trabalhar... eu escolho-te pela tua forma quase perfeita, pelas tuas arestas quase esquadriadas, talvez pela tua presença destacada neste campo de calhaus disformes,... sei lá, por tudo isso! 

(A Pedra) - Sim, estou vendo. Pensaste tu então, pobre Aprendiz de Pedreiro, que com um mínimo de esforço realizarias um bom trabalho!? Já te passou, por acaso, pela cabeça que poderão existir Pedras que não necessitam, ou simplesmente não querem ser trabalhadas? Já imaginaste que no difícil caminho que tens pela tua frente, terás sempre que escolher as pedras mais difíceis de trabalhar, as mais necessitadas da tua atenção, do teu respeito, da tua arte de transformar sonhos em realidades, formas brutas em artefatos dignos de um Criador,... enfim, dignos do Homem? Pensa no quanto as pedras que te rodeiam necessitam de ti, tenta dar o teu melhor sem exigir nada da pedra que trabalhas, tenta fazer dela uma obra digna de ti e dos teus Mestres, o teu trabalho bem executado será o teu prémio, e assim talvez um dia sejas um Pedreiro. 

(Aprendiz) - Pedra, não sei o que te dizer, sou um pobre aprendiz que muito tem que aprender, sei apenas que, hoje e aqui contigo, recebi a primeira lição: Deverei sempre trabalhar a pedra que mais necessita, desde que ela queira! Agora preciso ir, pois é quase Meia-noite... Adeus pedra, agradeço-te a lição! 

(A Pedra) - Espera Aprendiz, faz-me um pequeno favor, vira a minha face polida um pouco mais para Oriente,... assim,... já está bem! Ah, agora retira de debaixo de mim, essa pequena pedra cinzenta... sim essa mesmo, que eu esmago sem querer há milhares de anos. Leva-a contigo, não tentes trabalhá-la; tenta apenas compreendê-la, o que já será uma tarefa quase impossível. Adeus Aprendiz 

(O Aprendiz)- Adeus pedra!

Cond. Internet

domingo, 14 de abril de 2019

Os Monges Maçons


Em 1786, bem dentro da Abadia de Clairvaux, localizada em Aube foi constituída uma Loja de 13 Irmãos Cistercienses, sob os auspícios do Grande Oriente de França. Que um grupo de clérigos pudesse montar uma Loja Maçónica pode, à primeira vista, parecer estranho quando sabemos da animosidade que existia entre o Catolicismo e a Maçonaria. Mas isso seria esquecer muito rapidamente a História…

Esta situação não é de facto excepcional nesse final do século XVIII, quando as bulas papais ainda não tinham esvaziado as lojas dos servos de Deus. Ela revela não uma fratura doutrinária ou ideológica, como muitas vezes é afirmado hoje, mas sim uma verdadeira convergência de ideias. Pouco antes da Revolução, a maior parte das lojas francesas praticava uma Maçonaria exclusivamente orientada para o aperfeiçoamento do homem através do trabalho, e cuja base repousava sobre as três virtudes teologais que são a Fé, a Esperança e a Caridade. Somente a Maçonaria do tipo anglo-saxão continua hoje a manter esse ternário como um pilar fundamental da metodologia maçónica.

Extrato da correspondência endereçada ao Grande Oriente da França, pelos monges cistercienses:

Ao Or de Clairvaux, lugar muito forte e iluminado onde reina a Igualdade, a Paz, a União, o Silêncio e a Amizade, no quarto dia do segundo mês do ano da V L 5785,

Ao Mui Respeitável, Sapientíssimo, Esclarecido e único legítimo G Or de França

Nós estávamos na escuridão da irregularidade; para sair, nós nos dirigimos à R L Union de la Sincérité no Or de Troyes, para que ela nos forneça através dos seus raios luminosos os meios para alcançar o caminho que conduz à via do augusto centro tribunal dos verdadeiros maçons; por conseguinte, no quinto dia de Abril no ano da V L 5785, traçámos uma prancha que endereçamos a essa R L para convidar os IIr que a compõem a visitar os nossos trabalhos e nos indicar a qualidade dos materiais necessários a empregar para fundar o templo que queremos erigir. Esses RR IIr tendo-nos feito esse favor e impactados pelo brilho deste primeiro raio de verdadeira Luz, inspiraram-nos ainda mais o desejo de nos submetermos às Leis e regulamentos do vosso ilustre Areópago; já submetidos de coração e afeto às leis da sabedoria e virtude, aspiramos a felicidade de nos comprometer por um juramento irrevogável; podeis vós, Mui RR IIr considerar-nos dignos desse favor, podeis perdoar a irregularidade do nossos primeiros trabalhos, podeis vós, saciando os nossos votos, completar a nossa felicidade; nós vos exortamos a que se dignem de nos conceder os seus santos votos, dignai-vos aceitar as homenagens da nossa submissão aos seus respeitáveis decretos e constituições que emanam do seu augusto tribunal, dignai-vos de nos agregar aos verdadeiros maçons.

Nós vos pedimos para confirmar o título da Loja Vertu; este não é um título desprovido de realidade, nós o gravámos nos nossos corações e os nossos trabalhos estão sob garantia; ousamos esperar que favoráveis aos nossos desejos, vós possais aceitar como nosso Deputado junto ao vosso tribunal o Mui Q Ir Jean Eustache Peuvert, funcionário do Parlamento em Cais d’Orleans, confiantes de que teremos nele um sólido apoio; se puderem na sua sabedoria considerar os nossos desejos …

Muitos comentaristas viram no nascimento, mas também na vida tumultuada e efémera desta Loja, apenas os conflitos entre visão secular da Maçonaria e a visão secular da religião, a origem daquilo que foi em França um verdadeiro trauma espiritual.

Eles esquecem-se de enfatizar que as Ordens monásticas são dentro da Igreja Católica bem mais do que apenas ordens religiosas. Elas são uma Ordem dentro da Ordem, porque elas derivam a sua identidade numa história muito mais profunda e mais antiga que a sua assimilação pela Igreja de Roma. Elas eram desde tempos imemoriais, os atores operativos e económicos dos seus territórios, um pouco como também o eram as corporações de construtores antes do advento da Maçonaria.

A busca pelas virtudes teologais foi por muito tempo e quase até a recente generalização do Rito Escocês Antigo e Aceito e do Rito Francês (moderno) pela Maçonaria continental, o primeiro objecto da busca maçónica. Apenas o nome e o “logotipo” de certas Lojas atuais lembram essa realidade esquecida.

Portanto, não é surpreendente descobrir que trabalhadores apaixonados pela espiritualidade pudessem tentar completar a sua busca por outros meios que não fossem uma religião dogmática, para emancipar as virtudes essenciais da Escada de Jacob que conduz aos mesmos sonhos da maçonaria, menos religiosos de hoje: a paz e a emancipação social.

Pierre Inverni-José Filardo 
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