terça-feira, 7 de julho de 2020

Carta de Ísis, rainha do Egito, mulher de Osires, sobre a Arte Sagrada e dirigida ao seu filho Hórus.



Quiseste, meu filho, ir combater tifon, para defenderes o reino de teu pai. Assim que partiste, logo me dirigi a Hormanute, onde se cultiva misticamente a Arte Sagrada do Egito.


Lá descansei algum tempo e já pensava em retirar-me quando, nesse mesmo instante, um dos profetas, ou anjos, habitantes do primeiro firmamento, fixou os olhos em mim.

Ei-lo que se aproxima e logo pretende ter comigo íntimo contato de amor. Não cedi ao seu desejo, mas pedi-lhe que me revelasse o segredo de fazer ouro e prata. Respondeu-me que não tinha autorização para revelar tão grande mistério.

No dia seguinte, vi que se aproximava de mim o primeiro dos anjos e dos profetas, chamado Anael. Pedi-lhe outra vez, com insistência, que me revelasse o segredo de fazer ouro e prata. Mostrou-me então um sinal que tinha na testa e um vaso, que trazia na mão, vaso não envernizado, cheio de água brilhante.

Mas nada quis dizer-me sobre a verdade. Voltando, no dia seguinte, insistiu em satisfazer o seu desejo. Não cedi. Continuou insistindo e eu recusando, até que me revelou o segredo do sinal que tinha na testa. E explicou-me, claramente, minuciosamente, a tradição do grande mistério.

Assim, consegui que ele me revelasse o segredo do sinal e me explicasse os mistérios. Antes, porém, de obter a revelação do segredo, fui obrigada a pronunciar o seguinte juramento:

Juro pelo céu, pela terra, pela luz, pelas trevas. Juro pelo fogo, pelo ar, pela água, pela terra. Juro pela altura, pela profundeza da terra, pelo abismo do Tártaro. Juro por Mercúrio e por Anúbis, pelo latido do dragão Kerkuroboros, do Aqueronte. Juro pelas três Parcas, pelas Fúrias e pela espada, que jamais revelarei estas palavras a ninguém, exceto ao meu nobre e tão querido filho.

Agora tu, meu filho, vai, procura o agricultor, pergunta-lhe qual a semente e qual a seara. Ele te ensinará que aquele que semeia trigo colhe trigo; aquele que semeia cevada colhe cevada. Estas coisas, meu filho, far-te-ão compreender a ideia da criação e da geração.

Lembra-te de que o homem gera o homem, o leão gera o leão, o cão reproduz o cão. Do mesmo modo, ouro produz ouro. Nisto consiste o mistério.

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