domingo, 20 de fevereiro de 2011

Aos Meus Filhos


Coube-me trazer-vos a este mundo:
Nos primeiros passos pela vida, remover as pedras do vosso caminho; e buscar ensinar-vos como remover as pedras que no futuro vos couberem.
Outra não é a função dos pais, pois cada pessoa tem o seu próprio caminho e as suas próprias pedras.

Assim, eis que não posso caminhar por vós. Porque necessitais tropeçar, para que possais aprender a erguer-vos; e sofrer, para que possais conhecer a felicidade.
Pois assim aconteceu e ainda acontece a vosso pai; e, antes dele, a todos os pais deste mundo, que um dia foram também filhos. E esta é a essência da vida, que se renova a cada momento.

É necessário que eu me conforme com a idéia de que não vos posso ter sempre entre os meus braços; de que não vos posso proteger, senão através do que vos puder ensinar.

E necessário que eu não vos veja apenas como partes do meu ser, mas como seres humanos; e, assim, merecedores do riso e do pranto. Mereceis ter as vossas próprias alegrias e as vossas próprias tristezas.
Pois não está em meu poder promove-las ou evitá-las, mas apenas compartilhar de ambas; festejar as vossas vitórias e reconfortar-vos nos fracassos, embora neles chore também o meu coração.

Não sei se vos faço entender o quanto vos amo.
Pode a roseira explicar a um botão como é a rosa, quando desabrocha?
Ou a borboleta transmitir à crisálida a sensação de voar?
Assim, como poderiam as minhas palavras explicar-vos algo que apenas experimentei ao vos ver nascer?

Sabei, entretanto, que sois partes de mim.
E os vossos risos, como as vossas lágrimas, ecoam em meu coração; e são, muitas vezes, a causa dos meus próprios risos e das minhas próprias lágrimas.
Acreditai que o meu maior sonho é ver realizados os vossos sonhos; e, assim como tendes as vossas esperanças, sois as minhas esperanças.

Um dia partireis, pois a vida vos reclama; e não é a mim que pertenceis, mas ao mundo e a vós mesmos. Pois ninguém pertence senão a seus próprios pensamentos e anseios.
Todavia deveis saber que sempre podereis retornar aos meus braços, como jamais vos afastareis do meu coração.

Porque não foi apenas o ser que eu vos dei, mas também o meu amor.
E, assim, não sois apenas os filhos do meu corpo, mas do meu verdadeiro Eu.

Mansour Chalitta

Nenhum comentário:

Postar um comentário