O Tapete nas Lojas maçônicas tem sua origem no costume dos antigos maçons especulativos de traçar com giz ou carvão, no chão dos locais de reunião, as ferramentas do ofício de construtor. Estes desenhos eram apagados após o encerramento da Loja e refeitos antes da próxima sessão. Posteriormente, para facilitar os trabalhos passaram a ser utilizados tecidos pintados que eram estendidos no chão, tal qual um tapete. O Irmão Friedrich Ludwig Schröder resgatou este costume, enquanto outros Ritos o substituíram pelos Painéis dos Três Graus. Para as Lojas do Rito Schröder, o Tapete é o Painel da Loja e o Catecismo explica o seu simbolismo.
Na Alemanha, embora não esteja previsto no Ritual, o Tapete de Schröder é confeccionado em três tamanhos:
a) pequeno: 90 x 120 cm;
b) médio: 120 x 180 cm;
c) grande: 150 x 225 cm.
Contudo, o que o Ritual determina é a sua forma que deve ser, obrigatoriamente, retangular.
É importante salientar que o Templo do Rito Schröder – representando a Oficina de Trabalho erguida ao lado do “Templo que estamos construindo” – é despojado de símbolos, os quais estão concentrados no Tapete. As exceções são a Bíblia, o Compasso e o Esquadro – As Três Grandes Luzes da Maçonaria – que estão sobre o Altar (mesa do V.M.); e “As Três Pequenas Luzes da Maçonaria”, representadas pela chama das três grandes velas colocadas sobre os candelabros (geralmente denominados de “colunas”) no Nordeste (V.M.), Noroeste (1º Vig.) e Sul (2º Vig.) do Tapete, e que simbolizam, respectivamente: a Sabedoria, a Força e a Beleza.
Para entendermos a importância do Tapete (que o Ritual define como “a planta do Templo de Salomão”), é preciso que analisemos os significados dos objetos nele representados de acordo com a ótica humanista com forte característica ética e moral, resgatadas pelo Ir. Schröder:
A) Martelo Pontiagudo (Escoda ou Martelo de Pedreiro): o espírito atuando sobre a matéria com sabedoria. É uma das ferramentas de trabalho dos Aprendizes no desbaste da Pedra Bruta, removendo de seu caráter os vícios e preconceitos;
B) Céu: limpo no Oriente, de onde veio a “Luz”, as Artes, a Ciência. Nublado no Ocidente, onde o Sol se põe e onde, simbolicamente, estão os que ainda não alcançaram o conhecimento maçônico pleno;
C) Colher de Pedreiro (usualmente denominada “Trolha”): a proteção da Obra contra más influências;
D) Esquadro: o Dever, a Justiça, a equidade e a retidão de caráter. Lembra a igualdade de todos os maçons perante a Lei e o limite moral das nossas ações perante nossos semelhantes. É a ferramenta e a joia do Venerável Mestre, que deve ser um modelo inflexível no cumprimento do dever, na correção moral e na aplicação da Justiça;
E) Nível: a igualdade entre os Irmãos, e o emprego correto dos conhecimentos. Lembra ao maçom que todas as coisas devem ser avaliadas com igual serenidade, imparcialidade e tolerância. É a ferramenta e a joia do 1° Vigilante;
F) Muro que protege a Loja dos olhos e ouvidos dos “não-maçons”. Neste muro estão os nichos que abrigam as diversas ferramentas usadas na construção (Esquadro, Nível, Prumo, etc.);
G) Pedra Bruta: é a imagem da alma sem instrução e em seu estado natural. Representa o Aprendiz iniciando sua caminhada maçônica, estudando para adquirir os conhecimentos do seu Grau e a sua aplicação e interpretação filosófica;
H) Pedra Cúbica: é a obra prima que o Aprendiz entregará ao Companheiro (ele mesmo, em outro estágio de evolução). O Companheiro deverá polir a Pedra em busca da perfeição espiritual e intelectual, seu Trabalho inicia no ponto em que parou como Aprendiz;
I) Porta do Or. - V.M;
J) Porta do Oc.- 1° Vig;
L) Porta do Sul- 2° Vig
Representam as portas do Templo de Salomão, do qual historicamente derivam os Templos das Igrejas e da Maçonaria e também o V.M. e os Vigilantes que devem, em primeiro lugar, proteger a Loja.
M) Prumo: o sentido reto de nosso julgamento. A pesquisa (o estudo) em profundidade. É a ferramenta e a joia do 2° Vigilante;
N) Régua de 24 polegadas: a divisão do tempo com sabedoria, a precisão na execução, a retidão de conduta. É uma das mais importantes ferramentas de trabalho do maçom, pois o Mestre a utiliza para a elaboração do projeto da Obra; o Companheiro para medir, concluindo o trabalho de polir a Pedra Cúbica; o Aprendiz a utiliza, em conjunto com o Alvião, para traçar e marcar a Pedra Bruta para o desbaste.
O) Representação gráfica do 47° Problema de Euclides, conhecido como “O Teorema de Pitágoras”, cuja demonstração é: em um triângulo retângulo (a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa). É a representação da Prancheta e da Joia imóvel (ou fixa) do Mestre. É também, em muitos Ritos, a joia do ex-Venerável (Past Master ou AltStuhlMeister) e representa a perfeição e a universalidade das Leis do G. A. D. U., por que a Verdade Matemática que o Teorema traduz é imutável em qualquer ponto do Universo.
Conclusão
O escritor e ex-Grão-Mestre, Albert Pike (1809-1891), declarou ser um privilégio inalienável para o maçom interpretar para si mesmo os símbolos da Maçonaria.
No sentido amplo, símbolo é um sinal ou objeto ao qual se dá uma significação moral. Para a Psicologia, é a ideia consciente que representa e encerra a significação de outra ideia inconsciente.
Assim, nós devemos refletir sobre cada objeto, ferramenta ou sinal para os quais existem e podemos atribuir muitos significados. A abrangência destas interpretações depende do nosso estágio individual de conhecimento e percepção, estágio este que é simbolicamente representado pelos três Graus da Maçonaria Simbólica.
Os conhecimentos obtidos devem ser aplicados em nosso dia a dia, fazendo-nos crescer como seres humanos e cidadãos. Melhorar a nós mesmos e, por decorrência, a Sociedade que nos cerca, tornando-a mais justa, humanitária e fraterna, é a finalidade e Grande Obra da Maçonaria.
Comentário final: o Compasso que, para o maçom, representa os limites, não está representado no Tapete por ser a “Joia do Grão-Mestre”, que é quem estabelece os limites na Maçonaria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário